Juarez, Castelo & lições
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de janeiro de 1977
Juarez Machado vai sendo cada vez mais consumido pela publicidade. Em filmes de televisão, anúncios em revistas e posters espalhados por lanchonetes e bares de todo o Brasil está anunciando agora um novo produto da Batavo: "Milk" . Nos últimos meses, o artista catarinense tem sido assediado por muitos clientes para criar e utilizar mesmo a sua imagem em diferentes produtos. O bom Juarez procura selecionar os anúncios, para evitar um desgaste maior do tipo que criou na televisão: um humor poético e surrealista numa linha de Marcel Marceaú. A propósito, o mais famoso mímico do mundo aparece numa única cena de "A Última Loucura de Mel Brooks" (Cine Ópera) e pronuncia a única palavra deste filme mudo. Uma palavra de duas letras, apenas.
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Um dos mais respeitados jornalistas brasileiros, Carlos Castello Branco, 57 anos, cuja "Coluna do Castello" na segunda página do "Jornal do Brasil" é uma das mais lidas no País, em recente entrevista deu alguns preciosos ensinamentos; baseado em experiência de 38 anos de profissão. Eis algumas:
1- "O político é sempre um informante interessado. Nunca te diz uma coisa que seja um fato puro e simples, mas dá uma versão que lhe interessa. Pode dar um fato, mas dá segundo a sua versão".
2- "Procuro dizer as coisas que estão proibidas de maneira que eu possa dizer".
"A reportagem política, e a imprensa de modo geral, evoluiu muito nestes últimos 20 anos.
3- Antes da época da televisão o jornal competia na base do furo, de dar a notícia em primeira mão.
Hoje isso não tem a mínima importância pro jornal.
Ele trabalha a partir de informações já dadas.
Aprofunda a informação situando -a dentro de um contexto para que o leitor a entenda. A qualidade fundamental do comentarista político - já não digo repórter - é ter imaginação (além de ter as informações, evidentemente)".
4- "Não sou político, jurista ou cientista político.
Ofereço diariamente na minha coluna um material jornalístico para os cientistas políticos examinarem, aceitarem ou não, e corrigirem. Sou apenas um repórter que oferece subsídios".
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