O riso político numa peça que nada tem de acidental
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de maio de 1984
"Não queremos dar ás pessoas que v6em até nós para rir conosco, numa saída barata para resaltarem a sua iindignação; queremos que permaneçam com sua raiva no estômago . Queremos que esta raiva seja eficiente na hora da luta e que lhes dê a clareza necessária".
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Em alguns momentos, pode lembrar "A Primeira Página" ( The Front Page ), que o norte americano Bem Hect ( 1894 - 1964 ) escreveu em 1928 e que há 56 anos resiste às masis diferentes montagens .Para alguns espectadores é possivel até ientificar elemenos de vaudeville, numa leitura em que apenas p[reocupe como lado humorístico. Uem exige a partivipação social e politica do teatro, tem um prato cheio. Emfim, não importa o rótilo, o fato é só : "Morte Acindental de Um Anarquista"( auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, 21 horas, hoje última apresentação ) é um dos mais importantes espetáculos teatrais já montados no Brasil. lamentável apenas que a temporada seja tão curta: 5 encenações é muito pouco para uma peça que a partir de 24 de agosto de 1982 teve quase 600 representações no teatro Brasileiro de Comédia em São Paulo. Apesar de na próxima semana o mesmo elenco apresentar outro texto, " Xandu Quaresma", de Chico de Assis, é até de se indagar se não seria mais oportuno dar a comunidade a peça de Mário Fó por mais uma semana? Afinal, numa cidade onde são raros os bons espetáculos teatrais - e nas quais enganaçõs e remontagens mediocres ( adulterando inclusive os textos originais ) consomem milhoões de ccruzeiros - é salutar poder aplaudir , com excelente elenco.
" Morte Acidental de Um Anarquista" preenche vários espaços. É um espetáculo convencional para quem exige uma história bem contada, tem muito humor, dispensa a apelação erótica e os pal;avrões desnecessários e á , principalmente um atualissimo texto político.
O tom é de farsa - caracteriza , aliás da obra de Dário Fó, um dos mais importantes autores contemporâneos e que há anos vem desenvolvendo um teatro intensamente politico na Europa. O próprio Fó, num texto oportunissimo lembra que " o que não queremos é que os espectadores se sintam aliviados após teram abandonado a sala e desabafem com um leve arroto. A revolta em seu interior deve ficar onde também a risada permanece , no fundo da alma, na mente. A risada proteje do pior perigo que exite, a catarse. É necesário notar que a diferenciação do teatro aristocrático e teatro popular em a ver com a seriedade segrada de um e a cômica de outro"
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Apesar do tom de farsa e ironia, "Morte Acidental de um Anarquista"foi baseado em fatos veridicos. Aliás, dois fatos veridicos: em 1970, o assassinato de Giuseppe Minelli, menbro de um círculo anarquista milanês, suspeito pela policia de ter sido cúmplice em atentados terroristas, que teria " se jogado " do 4º andar da policia Central de Milão, da mesma forma que Salsedo, um emigrante italiano teria "saltado"do 14º andar da Policia Central de Nova Iorque, em 1921.Qualquer relação com o "suicídio"do jornalista Wlademir Herzog fica por conta da immaginação do espectador - o que não faz mal a ninguém. Um didáico texto incluido. Na revista programa da peça situa não só os fatos politicos que cercaram o assasinato de Pinelli, como a própria ação de damaturgia e do trabalho de Dário Fó, cujo Teatro é tão incômodo e provocativo como foram os grupos Arena e Oficina na época em que o tearo paulista tinha condições de desenvolver um trabalhio intesamente participatico . Obviamente, cada um a seu modo - Dário Fó com seu teatro popular , suas , farsas, atraves através do " La Commune", preocupado em ppropor o riso e a reflexão ao público. "Morte Acidental..."utiliza a farsa e principa,emte o "matto", o "louco ", que é umas dass figuras prediletas e que aparece em muitas de suas peças . Na Itália , a peça foi mostrada como farsa de um fato acontecido nos Estados Unidos na década de 20. A morte de Pinelli deu, ocasionanalmente , uma atuallidade ainda maior ao fato - a a montagem que Antonio Abujamra fez no Brasil , retrrata o fato partir do que teria ocorrido em Milão.
Quase 50 encenações em 23 anos de atividades ( 1961 / 64) dão a abujamra que o faz dominar os mais dificeis textos. Trabalhando com um elenco competente - Antonio Fagundes, Jão José Pompeo, Serafim Gonzales, MonalisaLins. Tácido Rocha e Sérgio Oliveira , uma ajustada trilha musical de Paulo Herculano , funcionais cenários de Serrone e a infra-estrutura de produção que a competência de Lenine Tavares garante , só pode deria resultar no que deu: uma peça excelente, num espetáculo que mered ser visto. Um espetáculo que reconcília o público com o teatro , especialmente em Curitiba , tão prejudicada por péssimas montagens , A única reclamações que se pode fazer é esta: porque o espetáculo não continua em cartaz por mais de uma semana ? O público só cresceria em todos os sentidos.
LEGENDA FOTO - Fagundes e Monalisa Lins em " Mote Acidental de um Anarquista "
uma peça indespensável de ser vista.
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