Múltiplo talento de Juarez
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de maio de 1978
Quem chegou meio inesperadamente terça-feira à noite, foi Juarez Machado que, ao lado de Poty, é o artista plástico da terra de maior projeção nacional. Sabendo conservar a mesma humildade dos duros anos que morou em Curitiba, quando aqui fazia o curso na Escola de Música e Belas Artes do Paraná e ganhava a vida como cenógrafo do Canal 6, Juarez é hoje um dos mais requisitados criadores nas artes visuais brasileiras. Seu múltiplo talento divide-se em várias áreas: televisão, livros, designer, quadros, teatro, etc.
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A última área em que Juarez entrou foi a de criação de lençóis artísticos. Em colaboração com uma pequena fábrica de São Paulo, nem sistema artesanal, Juarez vem desenhando séries de 20 a 30 unidades, de requintados lençóis, vendidos entre Cr$ 5 à Cr$ 10 mil, que, afinal, são tão bonitos e originais, que poucos os estão usando sobre a cama.
Na segunda-feira à noite, durante um jantar no Hypopotamus, no Rio, um diretor de uma grande indústria de lençóis, tentou comprar o passe de Juarez, oferecendo vantagens incríveis. Mas ele prefere manter a qualidade artesanal. No ano passado, Juarez criou uma série de malas infantis, para a IKA, que embora com excelente aceitação e lhe garantindo ótimos royalties, ele vai passar, na continuidade de criação, para outro artista.
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O artista catarinense continua a colecionar prêmios: "Ida e Volta", um de seus livros lançados pela Primor, foi premiado no Japão, num concurso de obras destinadas a infância. Pela Primor, aliás, já saiu outro de seus livros, Domingo de Manhã", e, tão logo lhe sobre tempo, vai completar um livro em colaboração com a jornalista e escritora Marina Colassanti - "Ao Pé da Letra". Para a Primor, ainda, Juarez cria uma série de cadernos escolares, com esmerado tratamento gráfico, que estão sendo comercializados principalmente no Exterior.
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A propósito: o fino humor que Juarez tem criado na televisão, em quadros especiais do "Fantástico", já começam a serem apreciados em toda América do Sul e África, além de alguns países da Europa, com a venda deste material.
Sabendo preservar o seu trabalho de uma massificação, Juarez tem evitado aparecer com muita intensidade. Embora muito solicitado para filmes publicitários, evita os de cobertura nacional, preferindo apenas de veiculação regional, como o que fez, há alguns meses, para o Batavo, exibido somente no Paraná. Na semana passada, uma agência de São Paulo, queria fazer um filme promocional de uma nova marca de meias, usando apenas os seus pés. Ele estranhou o convite, mas percebeu que mesmo não aparecendo o seu rosto, seria explorado o seu nome. Então respondeu:
- A parte mais cara do meu corpo são meus pés.
Quero Cr$ 700 mil para fazer o filme.
A proposta (ainda) não foi aceita.
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Uma fábrica de lâminas de barbear procurou Miele, propondo um comercial em que ele aparecia cortando sua tradicional barba. Miele pediu, com justa razão , Cr$ 800 mil. Juarez, que há 13 anos cultiva um francês cavanhaque, não deixa por menos:
-Eu, por menos de Cr$ 1,5 milhão, não toparia. Afinal a minha barba é a última virgindade!
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Juarez está na cidade, para o lado do poeta e marchand-de-tablaux Lindolf Bell, de Blumenau, e da gravadora Ana Carolina, julgar os trabalhos do Salão dos Novos, organizado por Elizabeth Luz, na Diretoria de Assuntos Culturais.
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