Juarez, uma escala artística em Paris
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de dezembro de 1986
Definitivamente, hoje Juarez Machado é um artista internacional. O Brasil todo já conhece seu talento, a desafiante Nova Iorque, com seu competitivo mercado de artes plásticas o recebeu com simpatia anos atrás e hoje o bom Juarez está vivendo em Paris, com a esposa, Eliane - que faz curso no "Cordon Bleu" - e o filho, em mil atividades escolares, artísticas e esportivas.
Juarez acaba de participar da promoção "Brésil A Poitiers", que durante uma quinzena incluiu concertos, debates, conferências e exposições sobre a arte brasileira, organizados por várias instituições: L'Association Culturelle de Lá Faculté Des Lettres, Bibliotheque Municipale, Centre de Recherches Latino-Americanes de L'Université de Poitiers, e o Departement D'Études Brésiliennes de La Faculté des Lettres L'Ecole Supérieure de Commerce e Galer "Des Licearium".
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Ao lado de seu amigo, o também artista plástico Fernando Barata, Juarez dividiu uma conferência - "Tendance Dans La Painture Brésilianne Contemporaine" e uma exposição dentro da quinzena promovida pela Universidade de Poitiers. Durante a qual houve palestras sobre cinema (Sylvie Pierre e Claude Guichard), literatura, economia, música popular e um ciclo de filmes, incluindo "Os Fuzis", de Ruy Guerra, "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro" de Glauber Rocha (que os franceses chamam de "Antônio das Mortes"), "O Amuleto de Ogum" de Nelson Pereira dos Santos, "Os Doces Bárbaros" e "Corações a Mil" de Tom Job Azulay; "A Lira do Delírio", de Walter Lima Júnior; "Gaijin", de Tizuka Yamasaki e "Fala, Mangueira" de Frederico Confalonieri.
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Embora catarinense de Joinville, Juarez nunca escondeu sua formação artística em Curitiba - onde estudou na Escola de Música e Belas Artes. Cenógrafo nos tempos pioneiros da TV-Paraná, quando a "Associada" transmitia de seus estúdios no térreo do edifício Mauá, o adolescente Juarez já se caracterizava por sua intensa criatividade e plasticamente, desenhos dos mais bem desenvolvidos, que lhe valeram as primeiras premiações.
No Rio de Janeiro a partir de março de 1964 - por coincidência, na mesma semana em que outro talento paranaense, o ator Ary Fontoura, decidiu dar o grande salto de deixar a província para tentar a metrópole artística - Juarez conseguiu seu espaço. Com sua múltipla arte - pintura, desenho, grafismo, mímica (em Curitiba, com Ary e Odelair Rodrigues, havia feito experiências teatrais), Juarez foi reconhecido. Livros premiados, séries notáveis de cartoons - como o "Non Sense" que marcaram o "Caderno B" do Jornal do Brasil, atuações em televisão.
Hoje, com um mercado seguro (suas exposições anuais na galeria Ida & Anita, vendem praticamente todos os trabalhos na vernissage). Juarez busca, com toda razão, espaços maiores. Por isto está em Paris, de onde nos conta:
-Tenho trabalhado muito. Esta cidade me deixa de pincel duro.
Na semana passada inaugurou o novo Museu D'Orsay - "a galeria da pintura do século XIX". É sempre um soco na boca do estômago.
Fui lá por duas vezes e confesso que sinto inveja de tal fartura de cultura e arte".
Juarez não tem motivos para se queixar. Reconhece:
- De minha parte tenho me deliciado pelos corredores dos museus, galerias e antiquários e tenho bons projetos de exposições para o ano que vem. Inclusive a cenografia da peça "Bonitinha Mas Ordinária", de Nelson Rodrigues, dentro do projeto Brasil-França.
Em seu atelier, Juarez trabalha bastante:
- Pintei um bom quadro (5x2 metros), encomendado pelo Cecílio Rêgo Almeida. Impregnado de cores européias, pois é impossível ficar imune desta influência, pois o dia-a-dia é banhado por esta luz.
Por último, conta Juarez:
- Tenho estado sempre com nosso pintor pernambucano Cícero Dias, que já mora aqui a trinta anos e foi amigo de Picasso.
LEGENDA FOTO - Juarez: com as cores de Paris.
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