Os anos dourados dos Associados no Paraná
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de abril de 1991
O prédio de 6.700 metros quadrados construído há mais de 20 anos no bairro do Pilarzinho para sede das empresas Associadas foi uma espécie de canto-do-cisne da era de prosperidade do império de Assis Chateaubriand (1891-1968) no Paraná.
Quando o jornalista Adherbal G. Stresser (Curitiba, 04/01/1908 - 16/10/1973), diretor geral dos Associados no Paraná desde 1955 ("O Diário do Paraná" circulou a partir de 29 de março daquele ano), propôs a direção da empresa a transferência do jornal e da televisão Paraná, inaugurada em 19 de dezembro de 1960, para uma ampla sede própria, fora do centro, a situação era de folga financeira. Tanto é que foi adquirida uma privilegiada área no Pilarzinho - bairro que por sua altitude, se tornaria região ideal para as instalações das estações de televisão e rádios (só a TV Paranaense não se transferiu para lá).
Um arquiteto recém formado na época, Lubomir Ficinski, então com 27 advogados, foi convidado para desenvolver o projeto de uma obra de grandes proporções. Uma construção de quase sete mil metros quadrados, com um auditório-estúdio de 653 metros (e dois outros com 174 e 164 metros), fazia parte do objetivo de fixar Curitiba como um dos eixos de produções de programas e telenovelas da Rede Tupi - que, na época, liderava a audiência através de sua extensão nacional.
Havia fartos recursos e com isto Ficinski pode desenvolver um projeto moderno, que a firma Farid Surugi construiu com sua competência. Espaços administrativos, camarins, depósitos, garagens e a área para a redação e oficinas do jornal, que também seria transferido da Rua José Loureiro.
Se na alugada área térrea do edifício Mauá, onde o Canal 6 começou, uma grande vidraça foi transformada num belo painel pelo então auxiliar de cenografia Juarez Machado, recém chegado de Joinville, para a nova sede, Lubomir lembrou-se de reservar um espaço para que o nosso maior artista, Poty Lazarotto, deixasse uma nova marca de seu talento. Um painel confeccionado em madeira foi executado por Poty e hoje praticamente desapareceu.
Com o abandono das instalações, a madeira que Poty usou na sua obra-de-arte acabou transformando-a em lenha para fogueira com os quais os próprios vigilantes encarregados de preservar o imóvel aqueciam-se nas geladas madrugadas de inverno.
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O imóvel que passou para a Caixa Econômica como pagamento dos compromissos não honrados, já foi levado a leilão em mais de uma ocasião sem que, entretanto, aparecessem interessados. Com isto - e por falta de conservação - o prédio vem se deteriorando, exigindo para qualquer finalidade que venha a ter, investimentos de muitos milhões.
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