O sonho de Jaime é fazer gabinete da Prefeitura voltar à Generoso Marques
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de abril de 1991
Dezesseis anos após ter, finalmente, conseguido uma sede condigna à sua importância cultural, o Museu Paranaense pode, no futuro, ficar novamente sem teto e ter que procurar uma nova sede. Oficialmente, a ameaça ainda não existe, mas os mais íntimos colaboradores do prefeito Jaime Lerner, como seu secretário de Comunicação Social, Jaime Lechinski, confirmam que desde sua segunda gestão ele pensa em fazer o gabinete do prefeito retornar ao antigo Paço da Liberdade - a belíssima construção estilo "Art Nouveau" inaugurada pelo prefeito Cândido de Abreu em 24 de fevereiro de 1916.
Obviamente, que a prefeitura - que cedeu aquele prédio ao Estado por comodato, sem prazo fixo - não pretende ver o Museu Paranaense desalojado. Mas que Jaime Lerner sonha em fazer o seu gabinete - e algumas secretarias mais próximas - retornarem ao prédio de quatro andares no centro da cidade não há dúvida.
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Como a estrela do alcaide curitibano é das mais brilhantes - haja vista sua trajetória de sucesso nestes últimos 20 anos e um refulgir no marketing nacional - é possível que aconteça (usando a expressão que Lerner mais aprecia) uma solução capaz de permitir uma possível negociação. Teoricamente, o município estaria disposto a oferecer a Caixa Econômica Federal - atual proprietária das antigas instalações da TV Paraná, um imóvel para que aquela área construída pudesse ser liberada ao município, permitindo uma "utilização mais nobre" - considerando que atualmente ali estão apenas improvisados depósitos de móveis antigos e material impresso da Loteria Esportiva. De posse deste imóvel - numa operação que ainda nem foi oficialmente proposta - o município tentaria convencer a Secretaria da Cultura a desalojar o Museu Paranaense e transferi-lo para o Pilarzinho. O Paço da Liberdade ficaria livre e, antes de encerrar sua gestão, Lerner voltaria ao mesmo espaço no qual Curitiba foi administrada por 58 anos.
Uma outra opção para o aproveitamento das antigas instalações da TV Paraná seria ali instalar o ainda inexistente "Museu dos 300 Anos", que o trêfego deputado Rafael Greca de Macedo, presidente da (política) comissão que badala a próxima efeméride, imaginou - mas da qual não se conhece qualquer detalhe. Museólogos e historiadores consultados por este repórter, afirmam que a criação de um museu alusivo aos 300 anos de Curitiba parece um absurdo: afinal, o que existe ligado a nossa história já deveria estar concentrado no Museu Paranaense. Ou seja, o que será colocado no "Museu dos 300 Anos"?
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