Ademilde, 70 anos, com a maior agilidade vocal
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de abril de 1991
Uma das fórmulas para apresentar intérpretes variados da velha guarda em trabalhos de reedição não deixa de ser aquela forma de "os grande sucessos...". A Moto Discos não foge à regra, e assim, em seu catalogo, dispõe de vários títulos agrupando ao total mais de 400 artistas, de diferentes estilos e gêneros, mas que sempre tornam-se importantes ser reapreciados pelos mais velhos - e revelados a uma nova geração disposta a perceber a beleza de nossa música do passado.
Por exemplo, trabalhando com o acervo da continental - gravadora paulista que tendo suas raízes em 1929, quando o velho Byghton criou a Colúmbia do Brasil - dispõe de um acervo primoroso, foi montada o misto quente trazendo no lado A "Grandes Sucessos Juninos" e, no lado B, uma mostra do talento único de Ademilde Fonseca, que aos 70 anos completados no último dia 4 de março (sem as comemorações que mereciam), continua em plena forma, como mostrou ainda em sua recente participação no programa de Jô Soares.
Houve uma época em que as músicas eram sazonais, motivadas pelas estações e eventos maiores, quando compositores da dimensão de Lamartine Babo, João de Barro, Assis Valente, Haroldo Lobo, José Maria de Abreu, criavam obras primas como "Capelinha de Melão", "Noites de Junho" e "Pedro, Antônio e João", que estão neste elepê dos mais interessantes.
Ademilde, com sua capacidade de "metralhar ritmicamente" as mais difíceis composições, estraçalha com clássicos choros como "Tico-Tico no Fubá", "Brasileirinho", "O que Vier Eu Traço", "Apanhei-te Cavaquinho", "Urubu Malandro" e "Teco Teco", acompanhado por conjuntos de mestres como Benedito Lacerda e Waldyr Azevedo, que, por si só, já valem a aquisição deste álbum - entre os melhores montados por Chico Aguiar e Jorge Scofano.
Outra série da Moto Discos é "Eles & Elas da Velha Guarda", já com dois volumes editados - e, por certo, outros em fase de planejamento.
No segundo volume, desfilam nomes como Araci de Almeida, Dircinha Batista, Gastão Formenti, Dalva de Oliveira, Carlos Galhardo, Silvio Caldas e, naturalmente, Carmen Miranda e Francisco Alves - este com o fox "Maria Helena", de Lorenzo Barcelata na versão de Haroldo Barbosa e gravação em 10 de julho de 1942.
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