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Aramis

Lançamento

Silvio Caldas que passou o fim de ano em Curitiba, com três históricas apresentações no Teatro do Paiol, orgulha-se de ter sido o primeiro cantor brasileiro a ter gravado um disco ao vivo: "Silvio Caldas em Pessoa", há mais de 15 anos. De lá para cá o registro de "show" ao vivo tornou-se uma formula rendosa, já que a gravação de espetáculos musicais, tomados com a participação (aplausos, assobios, valsas) do público, esquenta, dá maior vida as gravações. A série "O Fino da Bossa", com Ellis Regina e Jair Rodrigues (Philips, 1965) fonograficamente rendeu bastante, animando a gravadora a fazer uma série de outras experiências inclusive com shows" mais políticos ("Liberdade", "Opinião"), enquanto a Odeon também experimentava o gênero com os shows de Ciro Monteiro/Nona Nei, Peri Ribeiro/Lem Andrade, entre outros - preeditados há pouco através do selo Imperial. E quando surgiu, nos dias 10 e 11 de novembro último a possibilidade de perpetuar fonograficamente o histórico encontro no palco do teatro Castro Alves, em Salvador dos dois mais famosos nomes de seu elenco - Chico Buarque e Caetano Velloso - a Phonogram/Philips não teve dúvidas: deslocou para a Bahia uma boa equipe de técnicos e registrou em fita as varias horas dos dois únicos shows "primeiros e únicos", em que mais de 5 mil espectadores deliraram com a presença de dois ídolos de nossa MPB no palco. Do material colhido, Roni Berbet e Guilherme Araújo, mais o assessoramento (nos bastidores) dos big-shots da Phonogram, selecionaram 36.20minutos para o lp, que uma semana antes do Natal foi colocado nas lojas - e com isto subindo aos primeiros lugares nas listas dos mais vendidos. O critério que a produção seguiu na edição do lp, foi de mostrar Chico apresentando suas músicas ainda não gravadas ou interpretadas as canções de Caetano e vice-versa. Afinal, não teria sentido mostrar Chico e Caetano interpretando músicas anteriormente gravadas, inclusive em discos de melhor qualidade técnica. Falou-se muito em censura de algumas músicas em desperdício dos melhores momentos do "show". Difícil analisar, já que não estivemos (infelizmente) no Teatro Castro Alves, ao menos como um documento de nossa MPB - em um momento importante - este disco tem o seu valor. Achamos, particularmente, que a Phonogram poderia ter aproveitado maior material, com a produção de um álbum duplo, capa com melhor apresentação/informação. Entretanto, razões econômicas - um disco destinado a se constitui numa opção de presente - levaram a produção desta formula mais econômica. Chico Buarque abre o show/disco com sua criação "Bom Conselho" e no lado A, encerra com "Atrás da Porta"- para nós uma das músicas mais bonitas do ano. No lado B junto com Caetano, interpreta "Você Não Entende de Nada" (Cae), "Cotidiano" e "Barbará" (Caetano). Sozinho interpreta uma nova composição - "Ana de Amsterdam" e "Janelas Abertas n.º 2"(Caetano). Caetano, sozinho, canta, "Partindo Alto" (Chico), na face A e "Os Argonautas", na face B. São momentos de grande musicalidade, em que os interpretes- compositores mostram-se a vontade, acompanhados por um excelente grupo de músicos entre os quais Jurandir, Renato, Tuze, Moacir, Perinho, Tuti, Bira (percussão) e o pianista Perna. Se restrições podem ser feitas a Caetano e Chico/Juntos e ao Vivo >> (Philips, 6309059), dez./72) elas devem ser neutras lizadas pela sua importância histórica. Afinal dos 100 milhões de brasileiros, apenas 5 mil puderam assistir ao histórico e inesquecível concerto. MPB de dois de nossos melhores criadores jovens. E com este álbum, todos que curtem a nossa boa música poderão sentir como a coisa aconteceu. Um disco que vale os Cr$ 25.00 que custa. POT-POURRI Silvio Caldas, que há 8 anos não grava nenhum lp sozinho (seu último álbum foi o disco duplo com Elizeth Cardoso, na Copacabana, do qual particularmente não aprecia) com planos de se fixar em Curitiba, com um restaurante (ele é excelente cozinheiro) na Praça Garibaldi )( Dias 1.º a 3 de fevereiro, no Paiol, apresentações de Araci de Almeida - a cantora predileta do inesquecível Noel Rosa - e o pianista (e jurado de tv_ José Fernandes. )( Em nova roupagem e estilo, Os metralhas reapareceram na Buate Shabadah (Avenida Batel), do paulista Castelo Branco que está funcionando com força total há 3 semanas. )( Palmilor Rodrigues o bom crioulo Lápis vai gravar um compacto na RCA-Victor, com sua música "Linha de Umbanda". O Produtor será o excelente Rildo Hora, o mais eficiente "Record-man" daquela gravadora. Hoje, ao lado de um breve registro sobre o interessante lp que a Phonogram lançou registrando o histórico encontro de Chico Buarque de Hollanda e Caetano Velloso, no Teatro Castro Alves, em Salvador, em novembro último, algumas notas informativas sobre gente moça da fonografia - aqui e nos EUA. Na próxima semana, aqui voltaremos com uma página mais completa, dentro da linha que seguimos há mais de uma década. FOTO LEGENDA- Caetano e Chico Juntos e ao vivo
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música Popular
1
14/01/1973

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