Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de janeiro de 1973
O lançamento de "Trafic ou as aventuras M. Hulot no tráfego louco" (Cine Rivoli) se constitui, sem dúvida, no primeiro grande acontecimento cinematográfico da temporada. Com uma bissexta e reduzida - quatro longa-metragens anteriores, realizados entre 1949-67 e oito curta-metragens (inéditos no Brasil) foram suficientes para fazer de Jacques Tati um nome tão admirado na comédia quanto Chaplin - com o qual, por sinal, sua obra tem alguns pontos de identificação. Quase que abolindo totalmente as palavras em seus filmes - "as imagens traduzem muito mais", Jacques Tati é um cineasta estranho, afastando das badalações e que prefere criar em silêncio, com obras em que acumula a interpretação, roteiro, direção - no melhor estilo do cinema pessoal, de autor. "Dia de Festa" (Jour de Peter, 1949), seu primeiro longa-metragem - que há 23 anos era galardeado com o Grand Prix do Cinema Frances - foi visto por pouco mais de uma dezena de privilegiados espectadores, em uma única sessão especial que mereceu no auditório da Biblioteca Pública, há mais de 10 anos. "As Férias do Sr. Hulot" (Les Vacances de M. Hulot, 1953), foi pessimamente lançado no Brasil - embora tenha sido o seu ponto de partida para conquista do público mais refinado.
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