Tamplim usará seus milhões para fazer longa-metragem
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de abril de 1987
Até agora Percy Tamplim, 44 anos, sócio-diretor do Sir Laboratório de Som e Imagem escondeu o plano como um segredo de Estado. Entretanto, as negociações vão adiantadas: com recursos próprios - que não lhe faltam - quer partir para o primeiro longa-metragem. Uma produção sofisticada, com atrativos para boa bilheteria, capaz de lhe dar uma projeção nacional.
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Até agora, em 11 anos de funcionamento do Sir, Percy tem fugido de qualquer proposta cultural. Embora com uma formação artística (em tempos de classe média, chegou a ganhar a vida como professor de piano e de iniciação musical no Colégio Estadual do Paraná), Percy conseguiu fazer de um modesto estúdio de som, uma das maiores produtoras de vídeo do País. Entrando no mercado na hora certa, com boa estrela e simpatia política, Percy fez o seu estúdio crescer. Ficou rico e hoje tem escritórios no Rio e São Paulo, serviços múltiplos e um faturamento fantástico. Apesar das premiações na área publicitária, entretanto, lhe falta ainda um status cultural. Até agora, apesar de sondado, nunca quis investir em projetos artísticos. Mesmo dispondo de grandes talentos em sua equipe, como o cineasta André Farias, realizador de um filme tão polêmico e elogiado quanto pouco visto - "Prata Palomares", que permaneceu nada menos que dez anos proibido pela censura.
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Agora, pouco a pouco, Percy começa a pensar menos em lucros e mais na área artística. Tanto é que o entusiasmo de seu cunhado e sócio, o próspero Túlio Vargas, ex-deputado federal, ex-secretário da Justiça, historiador nas horas vagas, e entusiasta dirigente do Instituto Saint Hilairé, o convenceram a fazer com que o Sir produzisse um teipe documental sobre a restauração do Forte da Ilha do Mel, sem apresentar fatura de milhões de cruzados na Secretaria de Comunicação Social. Ao contrário, como uma simpática "oferta da casa".
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Historiador apaixonado, com vários livros em que romanceou a vida dos paranaenses marcantes, Túlio Vargas, sem abandonar a máquina de escrever, está agora apaixonado pelas possibilidades do teipe. Tanto é que afora o documentário sobre o Forte da Ilha do Mel, realizou outro sobre "A História das Constituições Brasileiras" e também "Semeadores do Paraná", este já veiculado em rede de televisão no ano passado.
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"Semeadores do Paraná", recebeu a indicação de "Destaque do Ano" no Prêmio Colunistas, promovido pela Associação Brasileira de Marketing e Propaganda. O que sempre significa um retorno para a empresa.
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Agora, o Sir vai partir - com muita segurança - para o longa-metragem. Percy nega, a primeira vista, detalhes do projeto, dando uma de mineiro, mas a idéia está mais adiantada do que parece. Afinal, dinheiro não lhe falta - e os lucros da empresa foram tão grandes em 1986, que nada melhor do que aproveitar os incentivos da Lei Sarney e fazer algo que dure mais do que 30' dos (caríssimos) comerciais que produz à mãos cheias para as agências de propaganda.
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