O cravo de Regina em edição nacional
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de setembro de 1988
Dono hoje de um dos mais lucrativos estúdios de som & imagem do país, com filiais em várias cidades, Percy Tamplim, ex-professor de música do Colégio Estadual do Paraná e pianista amador, há 15 anos, quando iniciou as tividades do SIR, tinha sonhos de produzir discos de bom nível. Entretanto a lucratividade da área comercial - e especialmente a era do video-tape - lhe trouxe resultados tão grandes que abandonou qualquer projeto que ocupasse seu equipamento do atendimento de uma clientela nacional, representada por agências de propaganda que não discutem jamais os orçamentos apresentados - e com isto possibilitaram que a sua empresa - na qual tem como sócios o cunhado Túlio Vargas e a irmã, Liliam Vargas, se firmasse nacionalmente. Hoje, o SIR é uma potência empresarial e até o projeto pessoal de Percy em fazer um longa-metragem de ficção foi adiado, já que para tanto pretende criar outra empresa.
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Entretanto, antes da atual fase de prosperidade econômica apenas na produção de comerciais, Percy fez alguns discos (poucos, é verdade) culturais.
Um projeto seria a gravação da obra de Johann Sebastian Bach (1685-1750) para cravo solo, na execução de Roberto de Regina.
Regina, 64 anos, na época residia em Curitiba, dirigindo a Camerata Antiqua - da qual fora fundador mas que acabaria deixando, devido a mais uma (entre tantas) grosserias da infeliz Fucucu - e como cravista pesquisou a obra de Bach para cravo, inexistente, na íntegra, mesmo na Europa. Chegou a gravar três álbuns, dos quais apenas um foi lançado com auspícios do SIR, obtendo repercussão nacional pela sua alta qualidade. Posteriormente, houve uma reedição através do selo Kuarup, de Mário de Aratanha, com uma tiragem que novamente teve ótima aceitação.
Agora esta matriz encontra-se com a Polygram, cujo diretor da área clássica, Leo Barros, impressionado pela qualidade artística, conseguiu algo raro: autorização para reeditá-la com o selo Philips, o que só é possível com o "ok" da matriz na Holanda. Os executivos europeus aprovaram as interpretações que Roberto de Regina deu aos concertos no. 4, 7, 8 e 9 de Bach, de forma que o disco tem agora uma edição nacional, devendo permanecer em catálogo.
Roberto de Regina, médico anestesiologista, carioca, é também o luthier que constrói seus próprios cravos.
Estudou regência com Robert Shaw e no Brasil, antes de fundar em 1974 a Camerata Antiqua de Curitiba, criou o Coral Bach e Conjunto Roberto de Regina (que gravou uma série esplêndida na CBS, "Cantos e Danças da Renascença"). Com prestígio nacional, a obra de Regina permanecerá - e a prova é a edição com selo Philips - deste disco.
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