Livro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de março de 1974
A coleção "Brasil Moço" (Literatura Viva Comparada) foi criada pelo José Olympio para "pôr fim ao divórcio entre as nossas letras modernas e os leitores jovens", como o coordenador Paulo Ronal adverte nas primeiras páginas de todos os volumes já editados. Assim cada volume e consagração à obra de um escritor importante, apresentada, através de todos os gêneros que ele praticou, em amostras expressivas, de sentido completo e alto nível estético, escolhidas de modo a transmitirem em seu conteúdo uma mensagem e uma visão pessoal do mundo. Ronal pediu a professores de literatura e críticos literários que facilitassem o acesso às obras assim exemplificadas, traçando partes dos escritores, comentando os trechos selecionados, elucidando as dificuldades, sugerindo as pesquisas, fornecendo biografias resumidas. Na escolha dos trechos, os apresentadores levam naturalmente em consideração o aspecto didático. Como novo volume desta coleção, Renato Cordeiro Gomes organizou uma seleta da obra de Racher de Queiroz, dona de uma obra numerosa e importante, que criada num ambiente literário, desde cedo se sentiu iniciada as letras. O jornalismo em 1927. O primeiro romance, "O Quinze", em 1930. Sucedem-se os romances: "João Miguel" (1932). "O Caminho de Pedras" (1937), "As Três Marias" (1930). Interrompendo a criação da romance, só voltara a ele, 20 anos depois, em 1950, com "O Galo de Ouro" aparecido em tolhetins na revista "O Cruzeiro". No Rio a partir
de 1939 colaborou no "Diário de Noticias" e posteriormente em "O Cruzeiro", onde escreve até hoje a sua famosa "Última Página". Faz ainda um artigo semanal que é publicado no Rio, em "O Jornal" e nos "Associados" de todo o País. Desta colaboração nasceram os seus livros "A Donzela e a Moura Torta" (1948), "100 Crônicas Escolhidas" (1958), O Brasileiro Perplexo" (1964) e "O Caçador de Tatu" (1967), este organizado por Herman Lima. Desde 1940 escreve por encomenda, executando-se o seu teatro, no qual "teve um prazer muito grande, pois fez pelo prazer de fazer": "Lampião" (1953), baseado na vida do lendário cangaceiros que e ao mesmo tempo uma história de amor, e "A Beata Manado Egito" (1958), além de "O Padrezinho Santo", peça que escreveu para a televisão, ainda inédita em livro. Recentemente, Rachel estreou também na literatura infantil com o "O Menino Mágico", escrito a pedido de Lúcia Benedetti. O livro surgiu entretanto, das histórias que inventava para os netos. Dentre as suas atividades destaca-se também a de tradutora, com cerca de 40 volumes já vertidos para o português.
Cordeiro Gomes afirma na apresentação da "Seleta que "Rachel nunca se filiou a nenhuma escola ou grupo literário. R`rebelde a qualquer tipo de arregimentação. Não põe a vida litarária como fator primeiro em sua vida. É mais profissão que vocação. Nunca disputou qualquer posição literária. A literatura aconteceu porque é o que sabe fazer, é o lado profissional, que ela considera com bastante consciência e seriedade, lutando pela valorização do trabalho do escritor". O que faz deste volume destinado aparentemente aos jovens, uma recomendação aos adultos que ainda não conhecem o universo literário de Rachel de Queiroz. 202 páginas, Cr$ 13,00, José Olympio, 74.
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