Primeira tentativa de fixar uma mostra de vídeo competitiva no Paraná - o que já acontece com atraso em relação a outros Estados - o Fest Vídeo - Festival Nacional de Vídeo, iniciado na segunda-feira, 26, em Maringá, e que ganha maior destaque neste fim de semana, veio provar a timidez dos videomakers dos Estado: apenas quatro trabalhos de realizadores paranaenses foram selecionados para disputarem as premiações - no valor total de Cr$ 500 mil - nas categorias de ficção e documentário. Beto Carminatti, de Curitiba, concorre nas categorias de ficção ("O Marinheiro", já premiado em mostra gaúcha, realizado há tempos) e com "O Corvo Marinho" e "Welcome to Paradise", em documentário. De Maringá os jornalistas Rogério Recco e Stela Paris, também disputam na categoria documentário com "O Tempo de Scherer", 15 minutos, e que tem como tema o padre Emil Clemen Scherer, falecido em 1972, na Alemanha, um dos pioneiros da Cidade Canção. Entre o misticismo e o mistério que cercava a figura do padre Scherer que - por ser rádio-amador - durante a II Guerra Mundial, foi tomado como espião nazista. O vídeo realizado em Maringá é uma proposta válida, independente dos méritos de realização (a serem avaliados pelo júri, hoje à noite) por documentar um aspecto da história regional. xxx Das 120 inscrições vindas de 17 Estados foram selecionados 20 trabalhos - o que mostra critérios rígidos da comissão organizadora, eliminando os trabalhos primários, pois, embora destinados a amadores, há que se ter a mínima qualidade para não supliciar o público nem desgastar a produção. Naturalmente, a maioria dos vídeos é de realizadores paulistas, onde esta bitola está tendo maior impulso: "Arteformacitara" , do arquiteto Rui Longo Rodrigues, de Mogi das Cruzes; "Vida Cassete", do jornalista Paulo Santiago; "Cachorros Me Mordam", da estudante Laís Bodanky; "Pinacoteca de Medelim", do oftamologista Geraldo Anhaia Melo; "A Grrrfka VT", do radialista Walter da Silva Silveira; "Ficção", do professor Edson Passetti (todos na ficção); "Judas e Satanás no Vale do Sol", de Hélbio Admilson, de Itu; "Cidade Cinema Vale do Sol", de Carmem Camargo, também de Itu; "Profissão Perigo", da estudante Laís Bodanky, como documentários. Quatro vídeos são de amadores de Belo Horizointe: "O Que?", de Bruno da Cruz Leal Viana; "Veritates", do estudante Carlos Henrique Mollica Vidigal; "Noite do Terror", de Fabiano Camilo da Silva e "Ensaio Sobre a Razão", de Fábio Carvalho. De Fortaleza, é "Isabel", do jornalista José Alberto Simonetti Gomes; do Rio de Janeiro, "República - a Reconquista de um Espaço", dos arquitetos Neimyr Guay Curus/Leonardo Gualman, e de Goiânia, "Capoeira Angola", da estudante Soraia Conceição Viana. xxx Uma das preocupações da ECO´s Propaganda ao coordenar esta promoção, patrocinada pela Secretaria da Cultura e Turismo de Maringá, foi realizar também uma parte didática, debates e mesas-redondas. Para isto trouxe de São Paulo as videastas Rita Moreira e Lúcia Medeiros, que desde ontem estão na cidade transmitindo suas experiências na área. Já os videomakers Felipe Barbosa e Danilo Dallack que iniciaram um curso prático, que visou dar aquilo que chamam de "videodicas". Na área informativa, foram reunidos vídeos produzidos na Argentina e uma amostragem dos primeiros produzidos no Brasil - "Pioneiros do Vídeo" -, com trabalhos datados ainda dos anos 60. A professora Lídia Marques, da Secretaria Municipal da Cultura - que vem buscando ampliar as atividades culturais do município - viabilizou o evento de forma modesta mas bem estruturada, conseguindo co-patrocínio da TV Cultura de Maringá e Clube Yellow, além dos apoios culturais da Rio Sul - Transportes aéreos, Hotéis Deville, Banestado e três instituições de outras cidades - Academia Brasileira de Vídeo, de São Paulo; A Casa da Cultura Lauro Alvim, do Rio de Janeiro, e do Museu da Imagem e do Som, de Curitiba.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Almanaque

Coluna ou Seção: Tablóide

Página: 24

Data: 29/11/1990

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