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Aramis

Memórias do inesquecível Ivens Lagoano merecem ganhar edição

Preocupado em valorizar seus pioneiros e desenvolvendo um programa de preservação de sua curta história, o prefeito Ricardo Barros tem chance de prestar justiça a um dos pioneiros de Maringá - e também da própria imprensa paranaense: Ivens Lagoano Pacheco. No último dia 31 de outubro transcorreu o 80º aniversário de falecimento do fundador do "Jornal de Maringá", sem que a data tivesse merecido qualquer registro ou comemoração. Mais grave ainda: mesmo em Maringá, pouca gente da geração que hoje ocupa funções públicas lembra-se da importância que Ivens Lagoano Pacheco teve nos primeiros anos daquela comunidade, não só como repórter-editor de um jornal que seria, em certa época, uma das principais folhas de informação do Paraná, mas também como verdadeiro animador cultural e político da cidade. Foi Ivens quem idealizou as duas edições do Festival de Cinema Brasileiro que ali tiveram lugar no final dos anos 50 - e sobre o qual, por incrível que pareça, inexiste qualquer documentação organizada junto ao Departamento de Cultura do município. Foi também Ivens quem batalhou pelas homenagens oficiais ao mineiro Joubert de Carvalho (1900-1977), autor (em parceria com o poeta Olegário Mariano) da canção que deu nome àquela cidade. O jornalista José Augusto Ribeiro, 54 anos, hoje uma das estrelas nacionais da imprensa política e editorialista de "O Estado" em seu início de carreira, lembrava há alguns dias, quando aqui se encontrou com Ivens Pacheco, 35 anos, primogênito do velho jornalista, que foi ele, quando ninguém se preocupava em promover grandes debates políticos, que levava a então empoeirada e distante Maringá, recém nascida como município, figuras de destaque para grandes encontros. Zé Augusto, sempre um brilhante orador, ali esteve, várias vezes, guardando boas lembranças daqueles tempos. xxx Falecido em Curitiba, em 10 de maio de 1980 - aos 69 anos (nasceu em 31 de outubro de 1911), Ivens Lagoano Pacheco deixou parcialmente inédito um delicioso livro de memórias. Um pequeno trecho da obra que Ivens começou a escrever em 1968, foi, por nossa iniciativa, editada em forma de encarte da revista "Panorama", nº 203, agosto de 1969, quando dividíamos sua redação com os colegas Carlos Roberto Maranhão (hoje editor da "Veja São Paulo"), Luiz Carlos Zanoni (hoje um dos grandes empresários rurais do Paraná) e José Cury (já falecido). Delegado de polícia no Rio Grande do Sul e depois vindo para o sertão paranaense, Pacheco fundou em abril de 1953 o "Jornal de Maringá", que editou até 1963, quando o vendeu para o então deputado federal João Paulino. Em Curitiba, onde morou seus últimos anos, Ivens abriu uma churrascaria - a "Quero-Quero", que era ponto de encontro de políticos e jornalistas, mas não deixou totalmente a imprensa: a convite do dr. Francisco da Cunha Pereira Filho, assinou uma coluna da "Gazeta do Povo", até poucos dias antes de falecer. Deixou um grande acervo histórico sobre Maringá, e os originais das memórias, que, agora, revistas pelo seu filho, Ivens, merecem ser editadas. Publicando-as, a Prefeitura de Maringá não estará fazendo nem um favor, mas sim justiça a quem muito contribuiu com aquela cidade.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
24/11/1991

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