Modinhas e Caymmi em belos livros de arte
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de março de 1986
Duas notáveis contribuições à bibliografia da música brasileira foram dadas em 1985 por empresas. A Fundação Emílio Odebrecht, de Salvador, editou o belíssimo livro "Caymmi - Som/Imagem/Magia" (225 páginas, 72 ilustrações) de Marilia T. Barbosa e Vera de Alencar, acoplado a dois magníficos lps produzidos por Jairo Severiano, no mais caro álbum-brinde já produzido no Brasil (e que registramos, no suplemento Claudio, de 9/2/86). A segunda grande contribuição foi das Empresas Dow, patrocinando a edição de "Modinha: Raízes da Música do Povo" de José Rolim Valença. Em 1984, a Dow já havia patrocinado outra obra marcante - então na área da arqueologia: "Herança", num projeto que reuniu em 151 páginas dezenas de fotos.
Em 1985, a Dow proporcionou a edição de um dos mais belos livros sobre a música brasileira, pois embora José Rolim Valença tenha centrado sua pesquisa na Modinha, pela maravilhosa iconografia levantada, temos um documentário em torno da própria música brasileira. Em 120 páginas, distribuídos em dez capítulos, um belíssimo mergulho nas raízes sonoras do Brasil. Textos inteligentes, objetivos e didáticos, e reproduções de gravuras, ilustrações, desenhos, fotografias de instrumentos, detalhes de teatros brasileiros do século XVIII e XIX, reproduções de partituras e capas de obras musicais - enfim, todo um material magnífico. Exemplo do trabalho que vale justamente pela riqueza de ilustração - e que só seria possível de ter uma edição a altura, com papel da melhor qualidade, imagens coloridas, através do patrocínio de uma empresa de recursos que desde 1981 vem dando sua contribuição a projetos culturais.
Na apresentação, com modéstia diz, Valença, que não teve a pretensão de fazer um documento. "Tem apenas a intenção de mostrar o que podemos encontrar em uma viagem por todo o Brasil, procurando por lembranças de nosso passado musical popular". Mas na verdade, "Modinha: Raízes da Música do Povo" é um grande documento - que, bem diz Rolim Valença, "começa com Cabral e termina à entrada do século XX, quando a Casa Edison gravou o primeiro disco".
Que os salutares exemplos da Fundação Emílio Odebrecht e Dow sejam seguidos por outras instituições e empresas e, em 1986/87, tenhamos novos livros-álbuns como estes.
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Com muitas ligações curitibanas, Prentice começa a ocupar um bom espaço musical. Seu "Não Diga Nada", incluído na trilha da telenovela "Ti-Ti-Ti" como tema da personagem Gabriela (Mirian Rios) o tornou bastante popular - e muita gente o confundiu, inclusive, com Fabio Jr. Prentice é irmão de Chris e Christina, dupla vocal que já fez alguns compactos (Chris é Maritza Fabiane, ex-cantora infantil, hoje esposa do letrista Heitor Valente, mãe de quatro filhos e que trocou a música por uma próspera indústria de roupas). Prentice, ex-craque de futebol, já teve composições gravadas por Alcione e o grupo Herva Doce e é contratado da RCA, que acredita em seu pique. Nós também...
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Carioca, baixista, guitarrista e violonista, compositor e cantor há mais de dois anos, Fernando Gama parte agora para a carreira solo com a gravação de um compacto simples, pela RCA, com "Rastros e Riscos" - que chegou as semifinais do Festival dos Festivais - e "Saudade do Futuro", composições próprias.
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Falecido em dezembro último, aos 59 anos, Teixeirinha (Vitor Mateus Teixeira), compositor, e cantor gaúcho da maior popularidade, tem seus discos reeditados e merece homenagens. Uma delas é de Moraezinho, que em parceria com Ney Fernandes, fez a toada "Um Adeus a Teixeirinha", agora lançado em compacto simples (Continental), trazendo no lado B a "Mãe Diferente", milonga do próprio Teixeirinha. No acordeon, a presença de um dos bons instrumentistas gaúchos, Albino Manique.
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A produção de programas, discos, tapes, enfim os mais diferentes projetos para a área infantil tem oferecido excelente retorno. A Turma do Balão Mágico ultrapassou até Roberto Carlos na vendagem de discos para entusiasmo de D. Munoz, o todo poderoso presidente da CBS. A Sigla lançou lps com vários especiais infantis, a Polygran e RCA também tem beliscado este filão. E a SBT, com uma produção de Hélio Eduardo Costa Manso, associada a RGE, edita "Domingo no Parque", com os grupos Chispitas, Chocolate, As Namoradas, mais Rodrigo e Juliana, interpretando as músicas de sucesso, que são apresentadas no programa da SBT - no Paraná, transmitido pelas TVs Iguaçu/Tibagi/Naipi.
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Viajando regularmente aos Estados Unidos e Europa para comprar direitos fonográficos, Harry Zuckermann, superintendente da Companhia Industrial de Discos tem obtido representações de etiquetas com produtos dos mais bem sucedidos comercialmente. Um exemplo disto é a série "101 Cordas - 101 Strings Orchestra", com mais de 30 elepês já editados entre nós. Uma orquestra suave, afinada - mas sem qualquer identificação de regente ou integrantes - agrupa por temas, autores ou mesmo estilos de repertórios de fácil aceitação. Assim, no amplo catálogo da CID aparecem álbuns como "The Soul of Russia", "The Soul of Gypsies", "A Música e a Alma da Espanha", "Great Composers", "Strauss Waltz", "Twin Piano", "John Lennon's Hits", "101 Strings Play Hills Make Fantasy by Nat King Cole", "Million Seller Country Hits", "Burt Bacharach" e até "Grandes Temas Musicais da Igreja Católica".
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