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Moisés pergunta: por que matam os índios?

O médico Moisés Paciornick, 75 anos, completados em 4 de outubro, é daquelas pessoas que identificam Curitiba. Com uma extrema juventude, fazendo da inseparável gravata-borboleta parte indissociável de seu lay out de elegância, 52 anos de total dedicação à medicina - que continua a exercer com a maior dedicação, ao lado da sempre elegante dona Helena, é uma presença sempre destacada em eventos culturais, sociais e filantrópicos. Mais do que um ginecologista que viu nascer milhares de curitibanos em sua clínica na Rua Lourenço Pinto, o professor Paciornick, com incrível humildade, sempre quer aprender mais. Isto o fez, há duas décadas, acompanhando as "Pioneiras", movimento comandado por sua esposa para a prevenção do câncer ginecológico, embrenhar-se pelo interior do Paraná - e mesmo outros Estados, levando assistência médica, remédios e, sobretudo, orientação a populações carentes. Foi quando conheceu populações indígenas e aprendeu a entender a sua cultura. Sentiu o quanto tinha para ensinar ao (dito) homem civilizado e, como resultado, introduziu urbanamente o método de parto de cócoras, com resultados notáveis. Sua experiência resultou num livro - "Aprenda a Nascer com os Índios", que ganhou merecidas traduções em vários países. Depois, definitivamente, apaixonado por aquilo que soube observar junto aos remanescentes das nações indígenas, escreveria "Aprenda a Viver com os Índios". Agora, completando uma espécie de trilogia sobre o assunto, Moisés Paciornick enfeixou textos reflexivos e descritivos que, com o título "Quem Mata Índios?" resultou num livro que ganhará uma edição patrocinada pela Fundação Avelino Vieira, através do primeiro Rotary Club Feminino de Curitiba, "Gralha Azul", que cuidará de que a renda reverta na criação de ambulatórios em reservas indígenas. São 200 páginas datilografadas, que ganhando capa de Poty, resultará em mais uma contribuição de Moisés a causa indianista. Com um texto sempre saboroso e inteligente, Paciornick faz suas palavras deslizarem suavemente como tem mostrado em "Brincando de Contar Histórias", o memorialístico "Antigamente Era Assim", o profundo "Erros Médicos" e, por último, os "Conflitos Psico-sociais de um Consultório Médico". xxx Com muitas ligações afetivas em Curitiba, o escritor Adão Voloch esteve na cidade há algumas semanas para, ciceroneado por Ben Ami Satz, produtor de "A Voz Israelita" (e candidato a deputado estadual pelo PDT) aqui lançar "Os Desgarrados de Nonoai" (Editora Novos Rumos, 67 páginas, capa com produção de postal de Portinari, ilustrações de bico de pena de Ben Ami). Em linguagem simples e objetiva, Voloch faz um mini-ensaio sobre os Sete Povos das Missões, romanceando o êxodo dos índios desgarrados da leva de cativos das bandeiras e dando uma visão a mais neste tema que, passados três séculos, continua a merecer estudos. Adão Voloch publicou anteriormente "O Colono Judeu-Açu", "Os Horizontes do Sol", "Um Homem Louco Pintor", "Um Gaúcho a Pé" e "Sob a Chuva Nasceu Necleary". LEGENDA FOTO - Moisés Paciornick: uma trilogia de amor aos índios.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
10/08/1990

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