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Aramis

Perfil - Paciornik, Pio, as borboletas e índios

Dois dos mais conhecidos e queridos médicos de Curitiba - Moisés Paciornik e Pio Taborda Veiga - são amigos de infância, contemporâneos de cadeiras escolares e curiosamente ajudaram a nascer e crescer pelo menos 50 mil dos habitantes desta cidade. Paciornik, 75 anos, ginecologista comemorados na sexta-feira, 4, oitavo livro ("Quem Mata Índios?") e Taborda Veiga, 78, pediatra, também tem outra particularidade: são os dois últimos curitibanos conhecidos que não trocam suas gravatas-borboletas pelas tradicionais. Como a indústria de gravatas praticamente abandonou a fabricação das butterfly no Brasil, Paciornik e Veiga, podem, merecidamente, se darem ao luxo, de anualmente reabastecerem suas coleções - já expressivas na Europa. Com um detalhe: só tem Paris, em pouquíssimas lojas é que encontram os modelos que permitem aos elegantes usuários dar o seu próprio nó. O falecido jornalista e pesquisador Jota Efegê, era, no Rio de Janeiro, também integrante desta original confraria. Pio Taborda Veiga, uma juventude que o faz diariamente dar longas caminhadas pela cidade e ser um devorador de uma dezena de livros novos por semana (apesar de problemas de vista nos últimos meses) embarca nos próximos dias para nova circulada européia. Paciornik, com a esposa Helena e a filha Siomara, viaja também no dia 18 de outubro. Só que ao contrário de Pio - que com sua esposa, se dará ao luxo de alugar um Renault e percorrer vários países sem tempo e programa pré-definido - Moisés vai com uma agenda de compromissos. Fará nada menos que 5 conferências sobre sua maior especialidade - o parto de cócoras - em faculdades de medicina em Gênova, Zurich e Berlim, inclusive a de aventura de um congresso internacional de sociedades ligadas ao parto. Médico da turma de 1938, desde 1946 proprietário da mais tradicional maternidade de Curitiba. Moisés Paciornik - com entusiástico apoio de sua esposa, Helena - uma das mais admiráveis líderes filantrópicas, idealizadora e diretora por anos das Pioneiras - e seu filho Cláudio, 42 anos, também ginecologista, desenvolveram notáveis trabalhos de medicina preventiva do câncer ginecológico junto a tribos no Brasil e Paraguai. Destas observações nasceram livros que há 10 anos circulam em universidades européias e americanas. Nasceu também um profundo sentimento de solidariedade aos índios, o que prova nas deliciosas crônicas de "Quem mata Índios?", que decidiu publicar como resposta a uma turista americana que, encontrando-o num vôo na rota Nova York-Colorado, lhe indagou agressivamente: - Por que os brasileiros matam tantos índios? Com sua diplomacia idish-britânica, Moisés conversou com a americana, que revelou ser descendente de pioneiros do Colorado. Com o humor judeu que o caracteriza, Moisés disse: - "Nós matamos muito menos do que os americanos fizeram para conquistar as suas terras". Humor, aliás, não falta para Moisés, que em crônicas saborosas - publicadas nas edições dominicais da "Gazeta do Povo" - fala de erros médicos e pode até reuni-las num livro com o título aparentemente provocador de "Mafiosos de Branco", recém-lançado por uma editora paulista sob auspício do Centro Português Fernando Pessoa. O título pode parecer tema para assembléias iradas da Associação Médica, que, em 1974, obrigou a retirada de exibição do contundente "Bisturi: A Máfia Branca" (1972, de Luigi Zampa - 1905-199), uma corajosa denúncia sobre a falta de ética de maus médicos. Só que Paciornik embora se refira ahonorable societtá no título de seu novo livro (que não terá lançamento oficial em Curitiba), garante que o mesmo não ofende nenhum ilustre colega. Ao contrário... Paciornik prefere, de momento, falar de seu "Quem mata Índios?", que ganhou uma edição patrocinada pela Fundação Cultural Avelino Vieira, para que o Rotary Clube Gralha Azul - o único feminista da cidade - use o resultado das vendas para obras sociais. Outro curitibano apaixonado pela questão indígena, o já lendário Poty Lazarotto - um dos maiores amigos de Paciornik, para quem ilustrou outros livros - fez a capa e ofereceu uma dezena de desenhos, que, infelizmente não foram incluídas entre as 390 páginas desta edição. Estão, entretanto, em exposição no auditório Maria José Andrade Vieira, desde sexta-feira, quando o lançamento do livro trouxe, entre outros convidados especiais, duas pessoas muito especiais, duas pessoas muito especiais: o filho Ernani, 41 anos, editor de revistas náuticas e que passa mais tempo no mar do que em terra e o deputado ecologista Fábio Feldeman. LEGENDA FOTO 1 - Pio Taborda Veiga, numa das (poucas) vezes em que não estava usando gravata borboleta. LEGENDA FOTO 2 - Moisés Paciornik, livros sobre índios & a máfia dos médicos, antes de conferências na Suíça e Alemanha.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
06/10/1991
É gratificante ver um exemplo como estes para nós. Tenho 44 anos e há pelo menos 24 acompanho as crônicas e os passos dessa ilustre figura. Para mim, um dos fatos mais marcantes foi quando li um artigo em que ele fazia a seguinte conta: cada degrau vencido numa escada corresponde a um segundo a mais de vida. Estou cada vez mais convencido que essa matemática é muito vantajosa para nossa vida, além de muito simples de ser contabilizada. Um artigo que me marcou e que guardei por longo período foi aquele intitulado "recordando" em que ele fala de quão saudável é o ato de subir e descer escadas. Infleizmente perdi o recorte do jornal. Mas ficou na mémoria o conselho. A cada final de vôo prefiro as escadas normais em detrimento das rolantes. Estou somando os segundos a mais na minha vida!

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