Mioto, a família na busca de suas raízes
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de outubro de 1991
Pouco a pouco, a história da imigração no Sul começa a se tornar mais fácil com a iniciativa de membros da quarta ou mesmo quinta geração em estudarem suas origens. Assim, reuniões familiares, pesquisas em árvores genealógicas, tentativas de localização de ramos espalhados em diferentes continentes sucedem-se por iniciativas de famílias de italianos, alemães espanhóis e, mais reduzidamente, eslavos que nos últimos 150 anos vieram ajudar a fazer o Brasil.
Um exemplo recente de estudo familiar é o que vem empreendendo o Sr. Augusto José Mioto, gaúcho de Vila Maria, distrito de Passo Fundo, 53 anos, que após oito anos de viagens, centenas de cartas e muita disposição conseguiu estabelecer a árvore genealógica dos Miotos - que em apenas três gerações já passam de 1.200 pessoas espalhadas em vários Estados - especialmente o Rio Grande do Sul e Paraná.
Há duas semanas, Augusto José, teve a alegria de hospedar em sua casa no Jardim Social a dois parentes que embora nascidos na mesma cidade da Itália só vieram se encontrar em Curitiba: o monsenhor Luigi Mioto, 75 anos completados dia 8 de fevereiro, nascido em Padova e o padre Aldo Gregório Mioto, 62 anos, mas há 20 anos no Brasil, como membro da Ordem Diocesana e que após ter sido vigário por 10 anos em Santa Rita do Passa Quatro (a cidade paulista em que nasceu o compositor Zequinha de Abreu) é hoje responsável pela paróquia de Nova Odessa, também em São Paulo.
O monsenhor Luigi - que veio pela primeira vez no Brasil - foi quem auxiliou as pesquisas de seu primo Augusto José para a localização desde a data de batismo de Marco Lorenzo Mioto (Pádua, 21/3/1867 - Erechim, RS, 1954) que veio para o Brasil no final de 1888 e, em Porto Alegre, a 21 de abril de 1890 casaria com Regina Toreto Tunim (1875-1960), com quem teve os nove filhos que, em menos de 100 anos tiveram nada menos que 1.200 descendentes.
Em Curitiba, além de detalharem novos rumos para a pesquisa familiar ser ampliada - especialmente na Itália onde a família Mioto é das mais numerosas na região de Pádua, o monsenhor e o padre Gregório Mioto participaram de atos religiosos na residência do primo Augusto e também tiveram a alegria de conhecer um pouco sobre o tradicionalismo.
É que Augusto é um dos mais atuantes integrantes do CTG Querência, que hoje é responsável por grande parte da movimentação no Santa Mônica Clube de Campo, 43 anos, gaúcho de Lagoa Vermelha, mas radicado em Curitiba onde é sócio da empreiteira Mendes e Malgaden.
Na residência de um outro apaixonado pelo tradicionalismo, o advogado Osmar Alfredo Koethler (que anualmente, com sua esposa Elisabeth, acompanha a Califórnia em Uruguaiana) os religiosos italianos entusiasmaram-se com duas das maiores expressões musicais do nativismo - o cantor-compositor João de Almeida Neto (Uruguaiana, 23/11/56) e o violonista e também compositor Talo Pereira, argentino de La Plata, 40 anos a serem completados dia 23 de setembro, mas desde 1976 radicado no Rio Grande do Sul onde tem participado de dezenas de festivais e com mais de 50 músicas já gravadas dentro da fertilíssima (mais de 5 mil discos) produção fonográfica do Rio Grande do Sul.
Numa noite de bom churrasco, ótimo vinho e, especialmente o astral musical que faz com que Osmar Koheler, "catarinense de Canoinhas, curitibano por opção e gaúcho de coração", 51 anos, tivesse, mais uma vez, sua casa transformada numa verdadeira tertúlia da melhor música sulina - ao qual não faltou nem os dois maiores especialistas de nossa imprensa - Cesar Seti e sua assistente, a pesquisadora Ignez Rosa.
LEGENDA FOTO - A busca das origens familiares: Augusto José Mioto (à direita), com os primos Luigi e Aldo Mioto, de Padova, trabalhando para reconstituir a árvore genealógica.
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