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Aramis

Monicaland em Cornélio

DENTRO de dois anos, estará pronta a primeira etapa de um projeto que se poderá chamar de Monicaland, localizado no município de Cornélio Procópio, em área de 100 alqueires. A informação foi passada, em termos oficiais, pelo próprio Maurício de Souza, durante entrevista com a imprensa nacional e internacional, no último dia do I Festival Internacional de Cinema, televisão e Vídeo, no Rio. Chegando horas antes do Japão, onde foi acertar o lançamento de um novo personagem, o indiozinho "Amazoni-Nico-Nico", o "pai" da Turma da Mônica confirmou que o projeto mais ambicioso do seu grupo começa a concretizar-se: a implantação de um imenso parque de lazer, que poderá lembrar a Disneylandia "mas que terá o máximo de características brasileiras". Para tanto, Maurício tem viajado muito, visitando todos os parques existentes no mundo. Quer fazer do projeto que desenvolverá no Paraná "algo de especial, voltado inclusive ao aspecto ecológico". Vários fatores influíram para a decisão de Maurício de Souza em optar por Cornélio Procópio como sede do projeto. Não há cifras exatas ainda, "mas será algo acima de US$ 50 milhões, em termos de investimento" - e que, obviamente, era namorado por vários outros Estados. De princípio, o clima ("é ótimo, oferece condições ideais"). Depois, as facilidades para desenvolvimento do projeto, através de uma associação como o empresário João Lima, proprietário de um hotel que já explora as fontes locais de águas termais. xxx Ante a grandiosidade do projeto, chamado, inicialmente, "A Cidade das três Idades", a obra só poderia viabilizar-se através da associação de Maurício de Souza com um grupo internacional, no caso, o Mac Millian, do Canadá, e do apoio do governo do Paraná e, especialmente, das prefeituras de toda a região beneficiada. Como a área reservada para o parque ultrapassará a s fronteiras de Cornélio Procópio, prefeitos de outros municípios já estiveram reunidos com Maurício, ouvindo, extasiados, dados sobre as potencialidade que o projeto representará para toda a região Norte: milhares de visitantes mensalmente, demanda de serviços de infra-estrutura e abertura de milhares de empregos. O fato de que já há um bom hotel dentro da área do projeto, possibilitará que paralelamente às obras se inicie um programa de exploração turística na base de "venha ver a construção da cidade da Mônica". A idéia é criar um programa de ofertas de atrações de todas as faixas etárias, razão pela qual se está evitando caracterizá-lo como "Monicaland", mas, sim, como a "Cidade das Três Idades". O projeto também não se limita a Cornélio Procópio, Londrina será beneficiada, como principal ponto de recepção aérea dos visitantes (para tanto, já há estudos para a ampliação do aeroporto) e uma extensão é prevista para Foz do Iguaçu. "Paralelamente, também outros parques em diferentes regiões do país poderão ser criados", revela Maurício, que mesmo sem dar informações mais precisas, diz, também, que "algo vai acontecer, em termos internacionais, possivelmente num país árabe". xxx Comemorando 25 anos e atividade, foi a 16 de julho de 1959, que saiu a primeira tira de quadrinhos da Mônica num jornal. O grupo de Maurício de Souza é, hoje, o quarto maior do mundo, em termos de histórias-em-quadrinhos. A sua frente, só estão as histórias de Walt Disney Inc., a Hanna'Barbera e o Yellow Kid, todos americanos. Para um paulista de Mogi das Cruzes, "idade variável, conforme o momento", diz brincando Maurício (ex-repórter policial, que hoje comanda mais de 200 profissionais produzindo estórias editadas em quase 20 países), o "não deixa de ser um exemplo de vitória empresarial". As revistas que produz para a Editora Abril ("Mônica", "Cebolinha", "Horácio", "Pelezinho", etc), vendem mais de um milhão de exemplares, mensalmente, batendo, inclusive, o Pato Donald, que foi há 34 anos, a primeira revista lançada pelo fundador da empresa, Victor Civita. Mais de 150 empresas usam os personagens de Maurício de Souza e a expansão do merchandisin é imensa, começando, agora, a internacionalizar-se. - Nessa viagem ao Japão, e outros países do Oriente, Maurício fechou contratos para a utilização dos personagens em dezenas de produtos. xxx Em julho de 1985, será lançado o terceiro longa-metragem com a turma da Mônica: "Os Caçadores das Asas Perdidas". Após os dois primeiros desenhos animados de longa-metragem, produzidos em associação com a Embrafilmes, Maurício, arcou sozinho com a realização do terceiro filme, pois, inesperadamente, a Embrafilmes afastou-se da produção, quando Maurício já havia investido nela mais de Cr$ 200 milhões. Ao invés de desanimar, o artista-empresário resolveu dar a volta por cima. Está trabalhando para fazer desse um filme de características especiais, enquanto prepara, também, uma série de desenhos, de 30 minutos, para a televisão americana. O trabalho é tanto que, embora já tenha ampliado as equipes, talvez seja obrigado a executar alguns filmes no Exterior, "ainda que preferindo fazê-los todos no Brasil". Os dois primeiros desenhos longa-metragens - "A Turma da Mônica" e "A Princesa e o Robô", foram vendidos a vários países, durante o FesRio, no qual a irmã de Maurício, maura, supervisionou negócios com compradores de filmes de vários países. Com know-how internacional, campeão em vendas de revistas infantis, bem sucedido em experiências no cinema e internacionalizando, cada vez mais, seus personagens, com [uma] forte sustentação de merchandisin (todos os produtos que usam imagens de seus personagens rendem royaltes). Maurício ampliou, também, as atividades editorias. Se o projeto que iria ser desenvolvido com o editor Faruk El Khatib, de Curitiba, na área didática, não pode ser consolidado, em compensação estará lançando, agora, uma série de 12 livros infantis, orientando as crianças sobre as profissões ("O que você vai ser quando crescer?"), enquanto a Nova Fronteira lança, esta semana, seu primeiro livro de contos, "ilustrado naturalmente, mas basicamente com textos", intitulado "O Natal de Todos Nós". Com a simplicidade e simpatia das pessoas competentes e bem sucedidas, Maurício de Souza conserva a humanidade dos tempos de anônimo repórter policial. E apesar de todo o crescimento de suas empresas (hoje já são três e para implantar o projeto "Cidade das Três Idades" vai constituir uma fundação), não abre mão de supervisionar todas as revistas, criando e produzindo diretamente algumas. - "Por exemplo, "Horácio" é, ainda, totalmente escrita e desenhada por mim. Não encontrei ninguém que transmitisse o espírito desse personagem".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
20
04/12/1984

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