Maurício de Souza, o império de sonhos do pai da "Mônica".
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de fevereiro de 1987
O leque de atividades de Maurício de Souza é múltiplo. Há mais de 100 empresas licenciadas para a utilização do merchandising dos bonecos - que geram 70% da receita do grupo, hoje empregando cerca de 400 funcionários, altamente qualificados (um desenhista ganha ao redor de Cz$ 30 mil) e que permitem a Maurício se lançar a novos projetos.
Foram finalmente concluídas as negociações com o Grupo Silvio Santos para a utilização de um teatro em São Paulo exclusivamente com peças da turma da Mônica e sua turma, ampliando assim este setor de atividades dirigida por Márcio de Souza, irmão caçula de Maurício. Na verdade, Mônica e sua turma já estão há tempos pisando nos palcos. Já foram encenadas sete peças escritas especialmente para o teatro e outros esquetes curtos, sendo "Romeu e Julieta" a de maior sucesso (18 meses em cartaz no Tuca, em São Paulo).
Existem hoje já seis elencos da própria Maurício de Souza que percorrem vários Estados com espetáculos em teatros, cinemas, shows e feiras. São 30 artistas, funcionários da empresa, selecionados e treinados para se manterem fiéis às características dos personagens.
Uma das preocupações maiores de Maurício é a manutenção da imagem. "Em todos os contratos - seja no merchandising, nas revistas, em qualquer utilização, Maurício não quer saber, em princípio, quanto vai ganhar, mas sim como, quem e de que modo seus personagens serão usados" diz Garibaldi.
Maurício é atento aos seus filhos. Supervisiona as histórias, escreve e desenha muitas delas "Horácio, por exemplo, até hoje é totalmente executado por mim". Ele explica:
- A mensagem está nos quadrinhos. Por eles eu afunilo a postura dos personagens. Atuo na sua concepção para garantir o não desvio de cada um. Cuido da filharada para não cairem na vida.
27 anos depois do nascimento do filho primogênito Bidu e 25 anos depois do surgimento da preferida do público (Mônica), os personagens fazem suas travessuras em 200 jornais.
- Mônica ganhou o nome de sua segunda filha, hoje com 26 anos. Mas a primogênita, Maria Cecília, também inspirou um personagem, hoje meio desativada: Maria Cebola. Magali, terceira filha, é uma personagem que ainda vai ganhar sua própria revista. As gêmeas Vanda e Valeria (que estão estudando na Suíça), 16 anos, ainda não ganharam personagens, assim como os caçulas - Marina, 2 anos e Mauro, este com 3 meses.
- Mas todos terão também sua presença nas estórias.
Maurício fala com entusiasmo de suas criações:
- O público força o que quer. A Mônica era secundária na história do Cebolinha, que era secundário no Bidu. Agora é o Chico Bento que está conquistando seu espaço. Nós tínhamos até esquecido dele e cresceu sozinho. Hoje, com revista própria, vende quase tanto quanto a Mônica.
Consolidadas as revistas, Maurício quer agora dinamizar outros segmentos: livros, álbuns - que agora, com a associação com a Editora Globo terão muitas chances. A Globo também absorverá as revistas de passatempos (cruzadas), que Faruk El Khatib, da Fama, vem editando há meses. Amigo de Faruk, que admira pela sua voltagem criativa, Maurício diz que já lembrou o nome do editor paranaense para se integrar ao grupo de executivos da Globo, na área editorial, "já que capacidade de trabalho ele possui."
Otimista, confiante, Maurício faz um retrospecto:
- Na década de 60, implantamos a nossa história em quadrinhos nos jornais. Em 70, expandimos para revistas e, com o fortalecimento dos benecos, começamos no merchandising (o primeiro contrato foi com o hoje ministro da Fazenda, Dilson Funaro, então presidente da Trol, para brinquedos de vinil. Nos anos 80, abrimos o universo para cinema, comerciais, teatro, lojinhas e outros.
Realmente, para a felicidade das crianças de todas as idades, Maurício de Souza é um homem que transforma sonhos em realidade. E, que com toda razão, pode repetir:
- O Céu é o limite!
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