A música para as crianças
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de setembro de 1990
Investimento em talentos mirins pode dar lucros altíssimos. Portanto não custa arriscar fazer discos com as meninas que se destacam em programas de televisão como Mariane (Ribeiro Dombrava), paulista, hoje com 17 anos, e que há cinco já está em programas infantis do SBT.
Agora saiu seu primeiro lp ("Ciranda" BMG/Ariola), apresentada por Alexandre Higa como "criada ao som de Ray Coniff e Frank Sinatra e que aprendeu a tocar violão sonhando em ser cantora". Contratada há um ano do SBT, onde apresenta o programa "Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si", Mariane concluindo o colegial como sua colega Gabriela, preferindo composições mais bregas e de fácil consumo como "Casa do Terror", "Nem tudo que Reluz é Ouro", "Mexe-Mexe" e até um "Super Herói", parceria Marcos Valle - Erasmo Carlos. Entretanto, pode brigar por seu espaço, embora esteja muito reduzido em termos cronológicos já que o consumo da música infanto-juvenil se dá com extrema rapidez.
Um exemplo da rotatividade das crianças que são convocados para integrarem grupos vocais no marketing para a faixa 3/10 anos é a Turma do Balão Mágico, que já deve estar em sua sétima formação, com mudanças constantes mas mantendo, entretanto, o mesmo esquema de musiquinhas das mais ingênuas. Agora, as duas menininhas loiras e o garoto com cara de sapeca não são sequer identificados na contracapa do disco do novo LP (CBS), talvez justamente para facilitar futuras substituições. O repertório também fica abaixo de qualquer comentário - só servindo mesmo para festinhas de aniversário daquelas bem chatinhas, com crianças que têm Xuxa como totem maior de consumo.
Depois da Turma do Balão Mágico e da Mariane, os garotinhos mais crescidos, encantados com o primeiro namoro, buscam o romantismo e especialmente as meninas querem intérpretes suaves, bonitos e simpáticos - especialmente quando promovidos pela televisão, como o caso de Fábio Júnior. Guilherme Arantes é outro exemplo de artista de consumo que tem um público cativo, embora já não tão jovem, pois afinal já se vão 16 anos que Guilherme caiu na estrada com o grupo de rock Moto Perpétuo. Em 1977 já fazia um sucesso com "Meu Mundo e Nada Mais", catipultuado [catapultado] pela telenovela "Anjo Mau", ao qual se seguiriam "Amanhã", "Aprendendo a Jogar" (com Elis), "Brincar de Viver" (com Bethania) e "Aconteceu Você" (com Fafá de Belém). Em sua própria voz, emplacava "Planeta Água", "Deixa Chover", "O Melhor vai Começar", "Dance Legal" etc.
Agora, Guilherme chega ao lp "Pão" (CBS), produção do astuto Mazola, no qual Guilherme além de tocar seu Steinway, programou sequenciadores, samples e baterias eletrônicas, combinando-os de forma diversas nas nove músicas que integram o lp (também lançado em cassete), sete de sua autoria e uma em parceria com Renato Bastos ("Visão do Paraíso") e outra com Costa Neto ("Bom Presságio"), mais "Bicho Solidão", que sairá somente versão CD.
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