Ney, o mercadológico.
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de novembro de 1983
Anotem para conferir no futuro: Ney matogrosso (Ney de Sousa pereira, Bela Vista, MT, 1941) ainda será tema de um livro sobre a música dos anos 70/80. Assim como a fulgurante (e curta) carreira dos Secos & Molhados (com Ney, mais João Ricardo Teixeira pinto e Gerson Conrad) foi documentada em livro-reportagem, as fronteiras e tabus quebrados por Ney, a partir de 1975 em seus shows, em seus sete discos e nas novas propostas de comportamento que trouxe também merecerão registros mais profundos do que simples notícias de jornal. Ney é, um cantor excelente, com sua voz feminina e afinada. E um artista que assumiu o corpo e as barras. Agora, comemorando 10 anos de carreira a partir dos S&M em "Pois É" (Ariola, novembro/83), começa com um potpourri citando nada menos que 16 sucessos de sua carreira entre criações originais e músicas que redescobriu. Soma a isto músicas novas de John/Neschling/Geraldo Carneiro ("Pois é"), Frejat-Cazuza ("Pro Dia Nascer Feliz"), Marina/Antonio Cícero ("Fogo e Risco"), redescobre Milton Nascimento/Brandt ("Coração Civil"), Margarita Lecuona ("Babalu", sucesso de Angela Maria há 30 anos) e até Almirante/Valdo Abreu ("Bambo de Bambu"). Mas o sucesso maior é a paródia de Léo Jaime sobre "Tel Me Once Again" (Anderson), que como "Calunias Telma eu não sou gay", emergiu do disco de João Penca e seus Miquinhos Amestrados, para fazer do elepe de ney subir nas paradas. Uma jogada mercadológica das mais bem sucedidas, para um cantor que sabe aproveitar toda a repressão da classe média...
LEGENDA FOTO 1 - Ney Matogrosso.
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