No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de setembro de 1987
José Renato (Peccopa), 60 anos, 40 de teatro, está na cidade desde segunda-feira, com dupla satisfação: revê parentes e amigos e, ao mesmo tempo, traz uma nova produção, a comédia "Mulher, o Melhor Investimento" de Ray Cooney (auditório Salvador Ferrante, até segunda-feira, 7, 21 horas), que, em São Paulo e Rio de Janeiro teve longas temporadas. No elenco, além de Débora Duarte, gente nova e talentosa, como a bela Luiza Tomé, que começa a ser conhecida por comerciais na televisão.
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Paulista da capital, fundador do Teatro de Arena no início dos anos 50, entre 1962/64, Zé Renato veio residir em Curitiba por dupla razão - sua esposa, Maria do Rocio Santos Macedo, parnanguara, aqui tem muitos parentes e, na época, na efervescência cultural do primeiro governo Ney Braga, José Renato se integrou num projeto de revitalização teatral deslanchado por Cláudio Corrêa e Castro, que dirigiu, inclusive, em "Escola de Mulheres", a terceira grande produção do TCP. Depois, encenou "O Noviço", de Martins Penna, que reinaugurou o Teatro de Bolso.
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Com planos de construir um hotel e teatro em imóvel da família de sua esposa, na Rua José Loureiro, Zé Renato acabou deixando Curitiba amargurado, quando, na repressão política, seu trabalho no Guaíra foi cancelado justamente por ele ter pensado em encenar "A Urna", de Walter George Durst. Os órgãos de segurança pressionaram o então governador Ney Braga, alegando que a peça era comunista "por falar em eleições diretas". Zé teve seu contrato com o Teatro Guaíra (que ainda não era Fundação) cancelado e deixou Curitiba. Foi, na época, uma perda cultural - e muitas manifestações de solidariedade que aconteceram não puderam ser divulgadas devido à censura militar.
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Com mais de 200 peças dirigidas, ator nos seus anos verdes na Vera Cruz, Zé Renato é uma das grandes personalidade do teatro brasileiro. Mesmo quando não foi bem sucedido em termos de público, suas montagens tiveram extrema dignidade, o que faz com que nesta esvaziada Semana da Pátria, "Mulher, o Melhor Investimento", comédia leve e inteligente, se recomende como o melhor programa.
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O Sr. Gino Azzolini Neto, atencioso diretor-geral da Casa Civil, nos escreve para contar a prosaica razão pela qual o secretário-chefe da Casa Civil, Gilney Carneiro, não assinou algumas dezenas de nomeações para os aparentemente inacabáveis cargos de assessoramento daquela pasta: "Ele não se encontra ausente, mas em virtude de um pequeno acidente que feriu sua mão direita, esteve impossibilitado de assinar os expedientes normais de sua pasta. Todos os atos por mim assinados o foram com o prévio conhecimento dele".
LEGENDA FOTO - Luiza Tomé: uma (bela) nova cara em "Mulher, o Melhor Investimento".
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