A mulher & o teatro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de junho de 1974
Uma das mulheres mais notáveis do teatro brasileiro, a diretora, atriz e crítica Luiza Barreto Leite, retornou ontem a Guanabara após passar cinco dias em Piraquara, na chácara de sua sobrinha Dudu, de onde só saiu para assistir a peça "O Elevador" e conhecer o caminhão teatro da Fundação Cultural, temas de seus próximos artigos no "Jornal do Comércio", da qual é crítica há 10 anos.
Com 37 anos de vida teatral, tendo iniciado seus passos ao lado de Oswald de Andrade (1890-1954) e Mário de Andrade (1893-1945), num trabalho experimental que pretendia ser, no palco, uma seqüência a Semana de Arte Moderna (1922), Luiza foi ao lado de Jorge de Castro e do pintor Santa Rosa (1909-1956), a fundadora do grupo "Os Comediantes", em 1938, da maior importância dentro do teatro brasileiro. E a partir de então, nunca mais se afastou do teatro - seja como atriz (embora com pouca atuação profissional), diretora crítica e professora, como faz até hoje, lecionando Dramaturgia e Interpretação para Diretores na Escola Martins Pena, no Rio.
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Agora Luiza está entusiasmada com a possibilidade de voltar a dirigir um espetáculo profissional: ao comparecer na festa dos 60 anos do cine Íris ("A primeira sessão de cinema"), teve a idéia de montar um espetáculo que contasse a história do Rio de Janeiro através de música, que levada ao Secretário da Educação da GB teve boa acolhida. "E será muito oportuna agora que o Rio terá sua quarta transformação político-administrativa", explica Luiza, que pretende fazer do espetáculo um grande painel sonoro da cidade.
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Atualmente Luiza está trabalhando num livro onde vai expor "o método psicanalítico de direção", com edição já garantida pelo Serviço Nacional de Teatro. Luiza quer acabar com a idéia do teatro-neurose: "O importante é que o diretor e o ator livrem-se primeiro de seus diabos interiores para desenvolver trabalhos conscientes para o público". Seu método tem obtido a maior repercussão internacional, pois em sua recente excursão a Europa - acompanhando o espetáculo "Rei Momo" de César Vieira, ao Festival de Teatro de Varsóvia, e depois a Iugoslávia, Itália e França, pode discutir o assunto com muitos encenadores - que se entusiasmaram com suas proposições.
LEGENDA FOTO - Luiza
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