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Aramis

No campo de batalha

Reynaldo Jardim, o polêmico jornalista que marcou sua passagem por Curitiba pelas inovações que tentou fazer em vários veículos, deixou há 3 semanas a presidência da Fundação Cultural do Distrito Federal, que ocupava há dois anos por convite de seu amigo, o governador José Aparecido. Para substituí-lo foi escolhido o maestro Marlos Nobre, ex-diretor do comitê Internacional de Música e que por seu prestígio internacional (é hoje o compositor contemporâneo mais conhecido em todo o mundo) poderá realizar o ambicioso projeto de José Aparecido: conseguir que a Unesco faça o tombamento de Brasília como "patrimônio da humanidade". A volta do Festival para o Hotel Nacional - o mais antigo e tradicional hotel do Planalto - foi positivo. Com uma excelente infra-estrutura, este hotel da cadeia Horsa aglutina os participantes, que seja nas margens da piscina ou em seus amplos salões e lobbios, vivem e discutem o cinema brasileiro. Os filmes em 16mm estão sendo projetados no salão vermelho do próprio hotel, com boa qualidade graças aos aparelhos alemães emprestados por Helmuth Liede, diretor do Goethe Institut. Helmuth e Heide Liede foram diretores do Goethe em Curitiba durante 8 anos. Depois residiram no Canadá durante um ano e agora estão há um ano em Brasília. Joel Barcelos, além de ser um dos coadjuvantes em "Fronteira das Almas", de Hermano Penna, está presente em dois curtas metragens em competição: "Arrepio", de André Pompéia Sturm e "Salvar o Brasil", de Ney Costa Santos. Este é um filme sobre o Plano Cohen, com a ação ambientada em 1937 e livremente adaptado do conto "Atividades dos Homens", de Anísio Machado. Ney Costa Santos, diretor de "Salvar o Brasil", realizado em 16mm, que reúne no elenco além de Joel Barcelos, também Arduino Colasanti e Marcélia Cartaxo (a atriz de "A Estrela Sobe" e "Fronteira das Almas"), concorre na categoria 35mm, com "Heleno e Garrincha", preto e branco, com Carlos Fernandes (Garrincha) e Jaime Periard (Heleno de Freitas). Ficção sobre imaginários encontros de dois dos maiores ídolos do futebol brasileiro, este curta-metragem usa, entretanto algumas seqüências em que Garrincha mostra todo seu talento no futebol - e também a única seqüência cinematográfica de um jogo em que o lendário Heleno de Freitas participou. Na pobreza da filmografia sobre o futebol, este curta é, no mínimo, um trabalho simpático. Além dos debates dos filmes em exibição, mostra competitiva em 16mm, há mais de uma promoção paralela para fazer com que todo o tempo seja ocupado: a Mostra Informativa Latino-Americana e de Países de Expressão Portuguesa. Na segunda-feira, foi exibido "Martin Pierro", 1969 do argentino Leopoldo Torrie Nielson, vencedor do I Festival Internacional do Filme - realizado no Rio de Janeiro há 17 anos - e que nunca teve lançamento comercial no Brasil. Só existe uma cópia na Cinemateca Brasileira, que Cosme Alves, sempre generoso em divulgar o cinema latino-americano, cedeu ao Festival para esta projeção.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
20/10/1987

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