No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de julho de 1988
Para ficar registrada: a reunião do júri da crítica presente ao Festival de Gramado, no sábado passado, durou quase duas horas e foi uma das mais polêmicas - justamente por causa do filme [do] paranaense Sérgio Bianchi. A proposta dos críticos Edmar Pereira e Rubens Ewald Filho, do "Jornal da Tarde", em considerar "Romance" como premiável - mesmo não tendo concorrido oficialmente (foi exibido numa sessão paralela, às 17h30 de quinta-feira) dividiu os críticos, pois 9 não haviam assistido. Vencida a proposta, se fez a votação entre os filmes que oficialmente concorriam e "A Dama do Cine Shangai", de Guilherme de Almeida Prado, ficou com 15 votos, contra 9 dados a "Dedé Mamata", de Rodolfo Brandão.
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Mas outra proposta feita por Edmar Pereira foi aceita: a premiação pela crítica do melhor curta. Venceu "A Voz da Felicidade", do gaúcho Nelson Nadotti, com Isabel Ribeiro e Pedro Santos, que também foram referendados pelo júri oficial: melhor filme e intérpretes. Uma cortante sátira aos programas de televisão em contraposição à solidão humana, pois quando o animador Amaro Amaral coloca no ar o quadro "A Voz da Felicidade", disca um número, uma dona de casa, adormecida, atende. Ela havia tentado o suicídio, com pílulas para dormir, e não entende a algazarra do outro lado da linha - pois não estava assistindo televisão. O filme com um excelente ritmo e o roteiro foi desenvolvido a partir de um argumento de Luis Fernando Veríssimo.
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Imara Reis, principal intérprete de "Romance", de Sérgio Bianchi - e que na sexta-feira brilhou tanto no curta ("Três Moedas na Fonte", do paulista Cecílio Neto, que acabou levando 3 premiações) como em "A Dama do Cine Shangai" (na qual faz 5 personagens diferentes, rapidíssimos, difícil até de reconhcê-la), ganhou o "Kikito cara-de-pau". Lementando que "Romance" não tivesse sido classificado para Gramado, falou da alegria de saber que o filme de Bianchi representa para o Brasil agora no Festival de Munique e como veio apenas uma passagem, para o diretor, ela também queria viajar. E, de imediato, enquanto falava no microfone do palco do cine Embaixador, tirou o chapéu preto - sua marca registrada, durante todo o festival - e disse: "Vou passar o chapéu para que todos colaborem com minha viagem a Alemanha". E o fez: nos dois últimos dias do Festival, chapéu na mão, estava recolhendo contribuições. Só não revelou quanto conseguiu arrecadar.
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Erros, empastelamentos e enganos acontecem normalmente na rapidez da composição do jornal nosso de cada dia. Ontem, entretanto, na página 8 do ALMANAQUE, página sobre os filmes em exibição, houve alguns erros que precisam ser corrigidos: o diretor de "Round Midnight" ("Ao Redor da Meia Noite") é Bertrand Tavernier; George Fonton é o autor da (belíssima) trilha sonora de "Nunca Te Vi...Sempre Te Amei" ("84 Charing Cross Road"), editada no Brasil pela SBK Songs, e não o realizador do filme; na primeira semana de exibição em 3 cinemas da cidade, "Os Super Trapalhões - Uma Aventura na Selva" rendeu mais de Cz$ 2 milhões - e não teve 2 milhões de espectadores. Esta é a meta a ser atingida, até o dia 10, nas 120 salas do Brasil, para a qual foram feitas 115 (e não apenas 15) cópias.
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