No Guaíra, <<fãs>> estão roubando nos camarins
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de outubro de 1983
José Renato, do Boca Livre, retornou domingo ao Rio de Janeiro, feliz com o sucesso das duas apresentações do grupo no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, mas amargando a desonestidade de alguns << fãs >> que, ao final do espetáculo de sexta-feira, 30 invadiram o seu camarim e, entre abraços e cumprimentos, roubaram um casaco de couro e a correia de sua guitarra, que trouxe há poucas semanas de Nova Iorque. O casaco era da cantora Olivia Byghton, sua noiva, que o acompanhou a Curitiba, e quando constatou o roubo, já era tarde: teve que enfrentar o frio curitibano.
xxx
Apesar dos esforços dos funcionários da Fundação Teatro Guaíra, dezenas de espectadores, no final do show do Boca Livre, invadiram o palco e superlotaram os camarins - o que proporcionou o roubo do casaco. Álias não foi só Zé Renato a vitima. Também o empresário Marco Antônio, teve roubado seu blusão. Não foi está a primeira vez - e nem será a última que ocorrem roubos nos bastidores da Fundação Teatro Guaíra. O curioso é que quando não há necessidade, a segurança age com rigor, impedindo inclusive que jornalistas, cinegrafistas da televisão e amigos pessoais dos artistas tenham acesso aos camarins. Quando, entretanto, ocorrem invasões especialmente nos espetáculos em que a platéia é jovem, há falta de fiscalização, proporcionando a ação de ladrões que se disfarçam em << fãs >>.
xxx
Lourenço Baeta, mostrou outra faceta de seu talento. Como a temporada teve o patrocínio publicitário do Boticário, industria local de produtos naturais, coube a Baeta fazer o << comercial >> de um novo produto << Natural Lips >>, << o brilho labial para bocas livres e lábios sensuais >>. O lançamento teve tanta repercussão - com centenas de espectadores disputando as amostras distribuídas - que os donos do Boticário, já decidiu patrocinar o Boca Livre em escala nacional. Afinal. nada melhor do que o carisma deste quarteto que lota auditório em todo o País, para promover um produto destinado a manter os lábios livres de rachaduras causadas pelo frio, vento, sol e água do mar.
xxx
No sábado, 1.º houve superlotação e centenas de pessoas não puderam assistir ao espetáculo. Se o empresário e vereador Neivo Braldim, não tivesse encontrado tanta mávontade quando programou a temporada, a mesma deveria, naturalmente, se estender até o domingo. Entretanto, como Neivo, embora peemedebista dos mais atuantes vem sendo prejudicado profissionalmente em suas relações com a área da cultura (sic) oficial, a data de 2 de outubro foi-lhe negada. Só que houve mudança na << programação >> e no domingo nada aconteceu no Guaíra. Ou seja: se perdeu mais um deia de um ótimo espetáculo de MPB para o teatro permanecer fechado. E a FTG também perdeu: cobra 15% da receita bruta e teria faturado mais algumas centenas de cruzeiros.
Enviar novo comentário