Noel Rosa hoje na tela de Brasília
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de julho de 1991
A programação competitiva deste 24o. Festival de Brasília prevê para hoje, quinta feira, um dos projetos mais carinhosos desenvolvidos pelo cineasta catarinense (radicado no Rio) Rogério Sganzerla: "Isto é Noel Rosa". Vanguardista e polêmico cineasta que surgiria há 23 anos com um demolidor longametragem - até hoje considerado um clássico do cinema brasileiro - "O Bandido da Luz Vermelha", Sganzerla, 45 anos, tem muitas ligações musicais - sendo, por exemplo, um dos raros amigos que João Gilberto convoca para fotografar e filmar suas gravações. Apaixonado pela obra de Orson Welles (1915-1985), realizou entre 1980/85 o interessante "Nem Tudo é Verdade", misturando ficção e documentários e colocando o londrinense Arrigo Barnabé como o jovem Welles em sua visita ao Brasil em 1942. O filme esteve, inclusive na 21a. edição do Festival de Brasília e, posteriormente fez razoável carreira (está disponível em vídeo), o que não aconteceu com os seus outros filmes. Anunciando já há anos um longametragem sobre o mundo musical dos anos 30, Sganzerla conseguiu somente aprontar "Isto é Noel Rosa", documentário de média-metragem sobre o Poeta da Vila, que abre a programação de hoje a noite no Cine Brasília. Depois que o jornalista João Máximo e o músico Carlos Didier praticamente exauriram o tema com "Noel Rosa: Uma Biografia"(editado pela Universidade de Brasília, em novembro do ano passado), o filme de Rogério sobre a vida, as [músicas] e os amores do maior compositor carioca, falecido aos 30 anos, em 4 de maio de 1937 - não deixa de ser dos mais oportunos.
No mesmo programa de hoje, concorre o curta "Projeto Fulex" de Tadao Miaqui e o longa "Amerindis", de Conrado Berning.
Amanhã a noite, torcida para Fernando Morini - aqui presente, com muito charme - pois sua "Loira Fantasma", é um dos três curtas em competição: "Rota ABC", de Francisco Cesar Filho e "Numa Beira de Estrada", de Marcos Guttmann, são os outros a competirem no Cine Brasília. O longa da noite é uma produção das mais sofridas: "Vai Trabalhar Vagabundo II, a volta ", que Hugo Carvana iniciou há cinco anos, interrompeu várias vezes e que, finalmente conseguiu concluir para trazer ao Festival. Ótimo ator , cineasta que tem um humor marcadamente carioca Carvana pode ser um dos vencedores deste Festival - embora ainda seja difícil fazer previsões, pois dois outros filmes que podem surpreender - os longas "O Corpo", de José Antonio Garcia e a refilmagem de "Matou a Família e Foi ao Cinema", de Neville de Almeida, só serão apresentados no domingo e segunda-feira.
Sábado, será apresentado outro média metragem de tema musical, que antecipadamente merece uma atenção: "Nosso amigo Radamés Gnatali", de Moyses Kondler e Alcisio Didier sobre o notável compositor, pianista e maestro gaúcho falecido aos 82 anos, em 3 de fevereiro de 1988.
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