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Aramis

Nos bastidores

Tankred Dorst, 63 anos, o autor de "Eu, Feuerbach", esteve em Curitiba há quatro anos, dentro de uma viagem por vários países. Na ocasião, foram feitas leituras de sua peça "Merlim", um espetáculo que no palco dura mais de 10 horas. No Guaíra, foi encenado um de seus textos mais difíceis, "Gritaria nos Muros da Cidade". Além de dramaturgo, Dorst é tradutor, editor, libretista, produtor de programas de rádio e televisão e cineasta (desde 1962 participou de 13 filmes, a maioria para televisão). xxx A tradução de "Eu, Feuerbach" foi realizada por Adriano Távora, 28 anos, que passou 40 dias para fazer um primeiro tratamento. Posteriormente o texto sofreu várias adaptações, cortes e montagens. No final houve o "enxugamento" de mais de 15 minutos do original. Adriano, filho do falecido Maurício Távora e da atriz Jane Martins, diz sobre "Ich, Feuerbach": "Faz reviver a nossa compreensão do homem e o seu mundo". xxx No texto que fez para a revista-programa, o diretor Marcelo Marchioro usou uma irônica imagem: "Uma Feuerbach na terra de Odete Roitman". E como o personagem é um ator desempregado, diz: "Atores desempregados temos, sim, e muitos. Nós, Feuerbach. Mas apelar a quem ou a o quê, quando a estrutura e a política cultural são absolutamente falidas e as poucas montagens, mesmo a nível particular são produzidas a custa de sangue e cada níquel é arrancado desses chãos estéreis por dedos cansados e unhas encardidas de terra? Na cultura do Brasil de hoje, em tempos onde absurdamente, uma Odete Roitman tem o peso de Lady Macbeth, esta montagem passa a ter ainda a significação de luta das companhias particulares contra um sistema que em nada lhes favorece ou estimula". xxx Do ator Emílio Pita, analisando "Eu, Feuerbach": "Dorst observa o mundo do ator; no entanto, isto é só um pretexto para pôr em questão uma série de realidades e sentimentos - a natureza, o ser humano, a religião, o destino, o jogo do poder, até mesmo a irrefutável filosofia feuerbachiana inspiradora, virando no avesso isso tudo, a utopia e as contradições da sociedade, determinadoras de papéis".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
22/01/1989

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