O açougueiro do Norte contra cineasta voador
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de maio de 1987
Mais um filme paranaense em fase de finalização. Na próxima semana, Altenir Silva (Bilinha), 24 anos, faz os trabalhos de dublagem e sonorização de "O Açougueiro do Norte Contra o Cineasta Voador", curta, 13 minutos, rodado, como sempre, com seus próprios recursos.
Só que desta vez, pela primeira vez, um realizador da chamada "Turma do Balão Mágico" pode usar negativo em 16mm, colorido, sem estar vencido. Resultado: imagens conseguidas pelo fotógrafo Cido Marques são belas, como bonito aproveitamento de cenários tanto do setor Histórico-Tradicional, como na BR-277, cenário da última seqüência.
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Numa primeira visão do copião, transcrito para o tape, sente-se a qualidade do trabalho de Altenir Silva. Vindo de experiências do Super 8 ("Rei do Sol, Esse Navegador", 1984), tendo conseguido ver o seu improvidado "O SNI de Carlos Drummond de Andrade" (1985), aceito no XVIII Festival do Cinema Brasileiro de Brasília (o que representou uma vitória, já que havia enviado o filme praticamente incompleto), no ano passado Bolinha realizou o vídeo "A Revolução dos Brasis", criativa visão de uma volta do poeta Emílio de Menezes (1866-1918), ao Brasil contemporâneo. Com Paulo Frieb, 23 anos, o mais atuante dos atores paranaenses nos filmes da nova geração, no personagem do poeta boêmio, "A Revolução dos Brasis" foi o esforço de muitos meses e que teve, inclusive, afetuosa participação do cineasta Cacá Diegues. A TV Iguaçu já exibiu, inclusive, este vídeo, com significativa audiência.
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Ainda no ano passado, Altenir teve premiado no concurso de roteiros paralelo ao Rio Cine Festival o seu projeto "Impasse Social, Nem Marx, Nem Odair José", que espera filmar "tão logo haja condições."
Bolinha, assim como Palito (realizador de "A Guerra do Pente") e os irmãos Werner e Willi Schumann, formam um núcleo unido de jovens apaixonados pelo cinema, que com aprendizado nos cursos práticos que Valêncio Xavier e Francisco Alves dos Santos promoveram na Cinemateca do Museu Guido Viaro, desenvolveram a disposição de fazer cinema.
Praticamente, abandonaram os empregos que tinham e, na base do entusiasmo - e para o que conta a juventude (idade média de 23 anos), vêm fazendo um aprendizado prático. De princípio em Super 8, quando possível em 16 mm, agora com o vídeo, mesmo sem disporem de equipamento próprio, sequer uma ilha de edição e muito menos de recursos para compra de filme (e fita) virgem, têm a energia que faz surgir um núcleo de talento. Cada um deles já realizou seu primeiro filme, embora todos colaborem entre si - e ao qual se somam outros apaixonados por cinema, como Cidinho Marques, funcionário da Cinemateca, fotógrafo (em vídeo e cinema) que hoje já tem uma boa experiência, ou mesmo jovens realizadores de Florianópolis, como Mauro Faccioni Filho ("Jesus é Pregado na Cruz") e Angelo Clemente Sganzerla, irmão caçula de Rogério ("Nem Tudo é Verdade"), realizador do vídeo "A Polícia das Cores", e que levou dois filmes (um sobre o paranaense Arrigo Barnabé) ao X Festival de Cinema de Super 8 em Gramado.
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Bolinha, Palito e os gêmeos Schumann estão com o roteiro pronto para o seu primeiro longa, em 16 mm, formado por 4 histórias - para que cada um possa ter o seu próprio episódio: "Crônicas de Paixão". Já conseguiram os negativos, têm pronta a pré-produção, escolhidos os cenários e elenco definido no geral - também nisto contando o entusiasmo de uma nova geração de intérpretes. Só que ao procurarem a coordenadoria da Secretaria da Cultura que está encarregada de analisar os projetos de cinema levaram um sonoro não, justificado pela falta de verbas, é claro!
É natural que as pessoas que embora em cargos executivos da área cultural e que não acompanham o esforço e o idealismo desta nova rapaziada não possam, de princípio, julgar o que eles pretendem. Ao contrário dos aproveitadores tradicionais das têtas oficiais, a Turma do Balão Mágico não fica se autopromovendo nacionalmente, fazendo escâdalos em festivais e buscando verbas onde possam existir. São rapazes que estão no início de carreira, vindos de trabalhos amadorísticos - como "Batem os Sinos Pelos Jacobinos", primeiro Super 8, longa-metragem, rodado no Paraná, mas que, de realização para realização, vão sentindo seus pontos fracos, fazendo autocríticas, buscando uma linguagem mais aberta e comunicativa. Assim foi com a Nouvelle Vague - saída das páginas do Cahiers du Cinema (Truffaut, Godard, Chabrol, etc.), do Cinema Novo, do núcleo que nasceu na teorização das críticas do antigo "Metropolitano" (suplemento universitário-cultural que o "Correio de Notícias" editava no final dos anos 50, princípios da década de 60), e, mais recentemente, de núcleos de superoitistas, do Grife, em São Paulo, dos Festivais JB, no Rio e do movimento Grafe, em Porto Alegre.
Hoje, entre nomes que fazem longas-metragens de alto nível, muitos têm suas origens nestes movimentos coletivos. Do entusiasmo de centenas, ficaram os profissionais que realmente amam o cinema e assim, a geração da "Turma do Balão Mágico", desta Curitiba dos anos 80, reúne, em si, o que de melhor há em honestidade e vontade de fazer cinema.
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Ninguém pretende que a Secretaria da Cultura venha, paternalísticamente, investir (o que não tem) em projetos caros. Mas a rapaziada merece ajuda, estímulo e, pelo menos ser entendida como deve, não há nem o que discutir. Já falamos aqui de um plano do secretário Fábio Campana, da Comunicação Social (ele próprio confessa-se sempre um cineasta frustrado) em estimular a produção de documentários de coisas, fatos & gente do Paraná, usando gente nova e recursos do Estado. Está na hora, portanto, do Fábio achar alguma hora livre e começar a pensar em ajudar esta rapaziada - inclusive porque a moviola em 35 mm adquirida pelo MIS já está para chegar e nem vai poder ser instalada no Museu, porque sua sede tem problemas físicos imensos - fruto da administração José Richa. Mas isto é assunto para ser abordado em outra ocasião.
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NA MINHA OPINIAO A DIRETORIA DO CINEMA VOADOR DEVERIA MUDAR REFERENTE AO MESMO AO GERENTE ADMINISTRATIVO Q PELO PRSSIMO ATENDIMENTO AS NECESSIDADES DO PROJETO E DAS NECESSIDADES Q O PULICO PRECISA . DEVENDO NO MOMENTO TER QUE SER AVALIDO ATE A FORMA EM QUE O DINHEIRO EM Q E EMPREGADO NAS CONTRUÇOES DO PROJETO (DINHEIRO PUBLICO DO GOVERNO FEDERAL) ESTA SENDO MAL ADMINISTRADO . SENDO Q O DINHEIRO PUBLICO DEVERIA SER MELHOR ADMINISTRADO POR OUTRAS ENTIDADES.
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