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O atelier Guido Viaro e uma geração de talentos

São muitas as razões pelas quais Vicente Jair Mendes pode se orgulhar do Museu Guido Viaro, do qual é o diretor. Em dez anos, o museu que preserva o acervo de um dos maiores artistas brasileiros - e sem dúvida, nome maior da pintura no Paraná - não se limitou a ser apenas uma instituição de exposições monótonas, mas, sim, sempre teve uma agenda intensa, com cursos, palestras e exposições - além de sediar a ativíssima Cinemateca, que graças à competência de Francisco Alves dos Santos tem feito pulsar o movimento cinematográfico paranaense. Uma das pessoas que mais tem contribuído para fazer do Museu Guido Viaro uma das principais unidades da Fundação Cultural de Curitiba é a pintora Suzana Lobo. Assim como o patrono do Museu, o sempre inesquecível Guido Viaro, idealizou, ainda nos aos 50, uma escolinha de arte, que até hoje funciona no porão da Biblioteca Pública, o Museu tem um atelier livre, que vem impulsionando carreiras de muitas pessoas que, mesmo sem pretensões maiores, sabem buscar o significado da arte como complemento de realização. Mulher sensível e inteligente, que une à formação didática também a importância de saber extrair de cada discípulo sua melhor potencialidade, Suzana Lobo faz com que dezenas de homens e mulheres, frequentando o atelier, produzam trabalhos em diferentes técnicas. Uma amostragem do que de melhor foi realizado nesta década de existência do Museu Guido Viaro estará sendo inaugurada na noite de 23 de julho. São óleos, desenhos, colagens, crayons etc. - de pessoas sensíveis como Cristina Petry, Jussara Salazar, Ana Maria Prince Cômodo (cujas originais colagens estarão também sendo levadas numa mostra itinerante, em São Paulo), Maria Ivone Vanucchi, Glauco Menta, Irena Belmonte, entre tantas outras pessoas, de sensibilidade, que vêm desenvolvendo suas técnicas e aprimorando conhecimentos graças a orientação de Suzana. Com modéstia - uma de suas características - Suzana Lobo diz que "ao iniciarmos, há dez anos, as atividades do Atelier Livre do Museu Guido Viaro, nosso propósito não foi o de formar artistas". Suzana acredita que o mais importante é dar oportunidades a pessoas interessadas, para que elas descobrindo o caminho da arte, "também se descobrissem um pouco". - "A caminhada porém, tem sido pontilhada de surpresas. Surgiram novos artistas, somando e enriquecendo com suas propostas a arte do Paraná. Inúmeros alunos têm participado de salões oficiais e alguns já ultrapassaram nossas fronteiras, convidados que foram a expor em outros países". Suzana lembra que houve também muitos artistas que, começando sem pretensões no atelier livre, alcançaram prêmios. Enfim, o saldo é altamente positivo. Isto, não impede que ela tenha preocupações. - "O trabalho artístico é árduo. E é também um processo lento. Lança-se a semente, mas há que esperar o tempo certo de germinação, há necessidade da regação constante. Semear e não acompanhar o desenvolvimento, seria preparar o solo". Vicente Jair Mendes, 55 anos, ex-religioso e que atravessa hoje uma fase de misticismo (pensa, inclusive, em ingressar num convento trapista), lembra uma qualidade importante desenvolvida no atelier do Museu que dirige: - É a alma. É o espírito alegre, descontraído, de compreensão e amizade que o torna tão acolhedor e eficiente. Existe, pode-se dizer, uma "geração Museu Guido Viaro". Diz o bom e espiritualista Jair - "Nestes dez anos de existência do Museu e do atelier, não nos lembramos de um único fato que provocasse uma nódoa em sua história. O que o atelier sempre apresentou foi a revelação de novos talentos, o incentivo à pesquisa do novo, da contemporaneidade e a possibilidade de cada um descobrir-se a si mesmo".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
18/07/1987

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