O Brasil de Cacá não diz bye bye na tela
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de abril de 1980
Nos quatro primeiros dias de exibição, "Bye Bye Brasil" (Cine Rivoli) rendeu Cr$ 120 mil, o que garante segunda semana a este excelente filme de Cacá Diégues, um dos mais pungentes painéis do Brasil contemporâneo. No primeiro dia (5ª feira), o filme rendeu Cr$ 13 mil, subindo para Cr$ 17 (6º) e atingindo a confortável cifra de Cr$ 90 mil no sábado e domingo. Segunda-feira caiu para Cr$ 18, mas a renda deve crescer na Semana Santa - apesar das estréias nacionais das mais atraentes ("Z", de Costa-Gravras, no Plaza/Cinema 1; "Jornada nas Estrelas", de Robert Wise, no Condor), "Dramático Reencontro no Poseidon", de Irwin Allen, no Vitória, ou os chamados "santos programas": "Jesus", 79, de Peter Sykes/John Kirch (São João) e as reprises de dois filmes de Cecil B.De Mille (1881-1959): "Sansão e Dalila", 1949, com Victor Mature/Paulette Goddard (Scala) e "Os Dez Mandamentos" (55) (Bristol e~, a partir de amanhã, no Astor).
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Como Cacá Diégues está viajando - não se sabe por onde, o produtor Luís Carlos Barreto teve que recorrer a equipe da Embrafilmes para dar uma força nas representações territoriais e auxiliar a promoção de "Bye Bye Brasil". A bela e simpática Cuca (Maria Aparecida de Araújo Braga), paranaense de Cambé, ex-assistente de produções em "Gordos & Magros", de Mário Carneiro, ex-esposa de Glauber Rocha, está na cidade desde a tarde de sexta-feira.
Fez um circuito de programas ao vivo de televisão, tem procurado jornais, conversado com pessoas de várias áreas, num esforço exaustivo para auxiliar a promoção de "Bye Bye Brasil". Simpática e comunicativa, ligada a área de cinema há mais de 10 anos e ex-esposa de um dos monstros-sagrados de nosso cinema (com quem tem um filho de 3 anos), Cuca está fazendo um trabalho positivo, que entretanto os produtores deveriam providenciar com maior antecedência. Se a CIC, com todo o seu poderio, traz a América do Sul um cineasta da dimensão de Robert Wise, 65 anos, 38 longa-metragens, para falar de "Star Treks", porque Cacá Diégues, um cineasta tão talentoso e importante, não prefere visitar os Estados e ajudar o seu filme, ao invés de partir para outros pontos?
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Em temporada cinematográfica: José Medeiros, um dos mais competentes fotógrafos brasileiros e cujo filme de estréia como diretor ("Parceiros da Aventura", roteiro de José Louzeiro), valeu a Isabel Ribeiro, o prêmio de melhor atriz no recém-encerrado festival de Gramado, chega hoje a Curitiba. Vem filmar [seqüências] do documentário sobre Poty Lazarotto, que Arakém Távora, já em Curitiba, está realizando dentro de sua série "O mundo mágico de ...", focalizando artistas plásticos. Já o documentarista Wladimir Carvalho, diretor do elogiado (e proibido por 8 anos) "O País de São Saruê", vem na segunda-feira, para mais uma das "Parcerias Inéditas". Só que o seu longa não terá lançamento comercial, havendo a perspectiva do mesmo vir a ser projetado em alguma sessão especial. No Paiol, há promessa de que Wladimir - hoje radicado em Brasília, como professor universitário - exiba outros de seus curtas.
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Para encerrar: sábado, à meia-noite, no Astor pré-estréia do mais aguardado filme do ano: "Kramer x Kramer", de Robert Benton, candidato a 9 Oscars.
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