O dia do Gafanhoto
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de janeiro de 1976
Se o sucesso de um filme sucede, na maioria das vezes, o êxito de um "best seller", geralmente de valor discutível, também há casos ao inverso: "The Day of the Locust", de John Schelessinger, que foi o grande impacto cinematográfico do último festival de Cannes, provocou praticamente a redescoberta de um extraordinário ator norte0americano, até então praticamente ignorado no Brasil.
E, antes mesmo que o filme chegue ao Brasil, a Distribuidora Record - editora que quase sempre prefere "best-sellers" de venda certa mas qualidade literária discutível, edita, em tradução de B. Pinheiro de Lemos, "O Dia do Gafanhoto" (185 páginas), Cr$ 28,00, á venda em todas as bancas). Trata-se de um romance inteligente, denso, considerado como o melhor livro publicado sobre Hollywood - não o dos superstars, dos grandes produtores, mas dos extras, das pessoas humildes, que viviam na Meca do cinema, nos anos 20 a 50 - com muito da observação pessoal do próprio West, que depois de ter sido gerente de hotel em Kennmore Hall, em Nova Iorque, dedicou-se apenas a literatura e, nos últimos anos de sua vida, a produzir roteiros em Hollywood. Ao morrer, em acidente automobilístico, em dezembro de 1940, aos 36 anos de idade, Nathanael West havia publicado quatro romances, "extraordinários" segundo a crítica, e altamente originais, durante os anos 30: "Miss Lonelyhearts" (Srta. Corações Solitários), filmado com o título de "Advice to the Lovelorn" (Conselho aos Desprezados), "the Dream Life of Balso Snell" (A vida de sonhos de Balso Snell), "A Cool Million" (O Milhão) e "The Day of the Locust", seu último livro (1939). Independente do interesse literário, "O dia do Gafanhoto" é um bom depoimento sobre a Hollywood de uma época que não volta mais. Para ler e guardar.
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