O Festival de Pato Branco não decolou
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de dezembro de 1985
Como era fácil de se prever, o Festival da Canção promovido em Pato Branco aconteceu e não teve a menor projeção. O idealístico esforço de seus organizadores esbarrou naquilo que, por varias vezes, aqui temos lembrado: a falta de uma infra-estrutura que possibilite promoções como estas não se reduzam a apenas a três dias de festas e cuja repercussão não ultrapassa as fronteiras municipais.
Nem sequer os nomes das músicas premiadas foram divulgadas, de forma que por mais méritos que as mesmas possuam se perderão imediatamente. Não sabemos quantos milhões foram gastos neste evento ( há algum tempo, o deputado Nilzo Sguarezzi, presidente da Assembléia e representante da região, tentou obter Cr$ 200 milhões do Banestado) mas é inadmissível que os festivais continuem a se realizar sem ao menos um disco registrando as vencedoras. No Rio Grande do Sul - exemplo o que não nos cansamos de repetir - todos os festivais são acompanhados de imadiatas [imediatas] edições de LPs com as vencedoras. A 15ª Califórnia da Canção Nativista , realizada há duas semanas um Uruguaiana , este ano bateu o record: já no último sábado, o produtor do disco, Ayrton dos Anjos, colocava nas lojas ede [de] Porto Alegre o lp (Sigla/RSB) com as músicas vencedoras neste festival que teve uma polêmica premiação, com o público quase agredindo o compositor Jerônimo Jardim, autor de Ästro Harangano", o grande vencedor.
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Informações não oficiais (já que não houve qualquer preocupação dos organizadores do Festival de Pato Branco em sequer divulgarem os vencedores) dão conta que o primeiro lugar ficou com "Ventania", composição da dupla João Carlos do Nascimento e João Carlos Dorneles, autores que no último Fercapo, em Cascavel (Festival que também precisa se preocupar em editar discos com os vencedores) já haviam mostrado uma bonita música ("Nova República"). O segundo lugar ficou com o "Paraná", do curitibano Lidio Roberto, defendido pela cantora Nice. Marilena Mueller, afinada voz, defendeu "Razante", de Pedregulho Parreiras, que ficou em terceiro lugar. Gerson Bianitez ("Tapajós"), curitibano, bom violinista, em quarto lugar com "Pois É", apresentada por Reinaldo Barsotti (Quá-Quá) e Roberto Quadros.
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É louvável a realização de festivais musicais, como abertura para novos compositores, intérpretes e músicos. Mas é lamentável que o nível das promoções realizadas no Paraná - mesmo aquelas que tem o aval da Secretaria da Cultura (sic), sejam tão amdorísticos. De nada adianta gastar milhões de Cruzeiros em competições musicais que, independente de méritos srtísticos, nada acrescentam em termos de divulgação, de abertura profissional , de promoção aos que dele participam. Afinal, um festival exige esforços e sacrifícios de seus participantes que, com idealismo , se deslocam as cidades nos quais são promovidos. Fazem despesas, comprometem-se com colegas músicos para acompanhamento e, passado o evento, nada fica. Nem sequer um registro em fita para que as rádios divulguem as vencedoras.
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