A esperança nos jovens amadores
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de dezembro de 1985
O crescimento da cidade se reflete em vários segmentos culturais. Um deles tem sido o boom na área do teatro amador. Hoje já passa de meia centena de grupos criados nos mais diferentes setores e que estão buscando seus espaços. Nscendo das mais variadas maneiras - dentro de escolas, colégios, grupos, associações de classe ou, simplesmente de interesses comuns de amigos e colegas - estes grupos multiplican-se em suas apresentações, buscando os espaços que, reconheça-se, são generosamente ofertados: os teatros de Bolso, Classe, Universitário, o Glauco Flores de Sá Brito (este, aliás, reservado exclusivamente aos amadores), eventualmente o teatro do Sesi , o auditório da Escola Técnica e, nos últimos meses, o novo Teatro do Sesc, na Rua Visconde do Rio Branco.
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Os grupos amadores aparecem com maior ou menor destaque dependendo da agilidade, competência e simpatia de ses integrantes. Há os que se preocupam em fazer boas produções, contando com imprensa e buscando divulgação. Outros, por inesperiência, ficam em circuitos fechados, empenhando-se em trabalhos que não obtêm a menor repercussão.
Na semana passada, no Teatro do SESC, um novo grupo - o Alma Nua, resultado da fusão de dois outros núcleos (Arte e Tem Gente Olhando), com um elenco numeroso - 30 adolescentes entre 15 a 18 anos - apresentou uma proposta vanguardista, com texto e direção do jovem (20 anos) Luis Carlos Teixeira da Silva: "O Jardim da Terra".
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Nos anos 40 e 50, o movimento amadorístico, que se fazia em curitiba era grande. Na provinciana cidade com menos de 100 mil habitantes, os grupos tinham uma ampla cobertura na imprensa (na época, existiam nada menos que 5 críticos teatrais atuantes) e surgiram muitos talentos que, nos anos 60, fortaleceram o teatro de Comédia do Paraná, de saudosa memória. Hoje, como grupos que tentam o profissionalismo entre nós acumulando frustações, a esperança está nesta nova geração, buscando novamente as raizes de um teatro sincero e expontâneo - que é a característica do bom amadorismo.
Sejam bem vindos.
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