O filme que o vento não levou
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de julho de 1976
Apesar de já ter sido reprisado, exatamente 25 vezes em 36 anos, nos mais diversos cinemas de Curitiba, sempre existe quem ainda não assistiu ao mais famoso filme dos anos dourados de Hollywood: "E O Vento Levou". Por isso, a partir de hoje, em duas sessões, a superprodução de David O. Selznick (8881902-1965) estará sendo apresentada, em duas sessões diárias, no Cinema - 1 (sala Excelsior).
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Independentemente de seus méritos cinematográficos - que o fizerem contemplado com 11 Oscars na 12ª festa da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, "Gone With The Wind" é quase o documentário de uma época em que, pelo magicismo do cinema, ressuscita na tela astros há muito falecidos: Clark Gable (1901-1960) como o Rhett Butler e a inglesa Vivien Leigh (1913-1967) como Scarlett O'Hara, personagens criados pela imaginação da romancista Margaret Mitchel (81909-1949). Se Vivien Leigh, que estreava no cinema americano, recebeu o Oscar de melhor atriz, derrotando concorrentes veteranas (Bette Davis, Irene Dunne, Greta Garbo e Greer Garson), Gable perdeu para Robert Donat (1905-1958), por sua atuação em "Adeus, Mr. Chips". A negra Hatti McDaniel, também já falecida, por sua atuação como a humana "Mammy", ficou com a estatueta de melhor atriz coadjuvante. Lesli Howard (1893-1943), por sua criação do personagem Ashley Wilkes, marido de Scarlett O'Hara), foi premiado por seu trabalho em outro clássico filme do mesmo ano: "No Tempo das Diligêncis" (Stagecoach, de John Ford).
"E O Vento Levou" teve uma produção complicada. Iniciado em 1938 (o romance havia aparecido em 1936) por George Cukor, que preparou o roteiro e escolheu parte do elenco, foi substituído - ao que consta por imposição de Gable - por Victor Fleming (1883-1949), que o assinaria, embora o sensível Sam Wood (1883-1949) tenha dirigido muitas [seqüências] nas últimas 10 semanas de filmagem. George Cukor, 87 anos, é um dos poucos sobreviventes da equipe deste filme mitológico, enquanto que do elenco central só resta mesmo Olívia de Havilland, 60 anos. O diretor de arte e cenógrafo, William Cameron Menzies (1896-1957) foi premiado com um dos 11 Oscars outorgados ao filme e o compositor Max Steiner (1888-1971), só não levou o seu, porque no mesmo ano (1939), o mesmo Victor Fleming realizou um antológico musical: "O Mágico de Oz", onde uma menininha chamada Judy Garland (1922-1969) cantava uma música chamada "Over The Rainbonw" (Harold Arlen /E.Y. Harburg)
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1939, ano em que Hitler desencadeava a II Guerra Mundial, deu uma das melhores safras do cinema americano. Victor Fleming realizou "E O Vento Levou" e "O Mágico de Oz", Sam Wood além de colaborar com Fleming, ainda encontrou tempo para fazer uma clássica versão do romance "Adeus Mr. Chips" de James Hilton. Concorreram ainda ao Oscar, "Ninotchka" de Ernest Lubitsch (1892-1947), "Carícia Fatal" (Of Mices and Men) de Lewis Milestone, "O Morro dos Ventos Uivantes" (Wuthering Heights), de William Wyller.
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Portanto, "E O Vento Levou" não é apenas mais uma reprise. É muito de uma época dourada do cinema e que o vento do tempo ainda não levou.
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