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Aramis

O melhor de Bobby Short

Há cinco anos, quando Carlos Vergueiro - double de radialista (e há anos o principal executivo artístico da Eldorado, em São Paulo) e ator, passou por Curitiba nos falou com entusiasmo de Bobby Short, cantor e pianista que se apresenta regularmente no night-clube do Carlyle Hotel, em Nova Iorque. Vergueiro comentou, então, que os discos de Short eram raros e só encontrados no próprio Carlyle. Hoje, Bobby Short é um nome conhecido também no Brasil. Três longas temporadas no 150, do Maksoud Plaza Hotel - o mais acolhedor ambiente musical deste nosso País - o tornaram um artista popular junto a uma elite que aprecia o melhor da música americana. Intérprete sofisticado especialmente dos cinco grandes - Gershwin, Cole Porter, Jerome Harlen, Rodgers e Irving Berlin (este o único ainda vivo), Short é um artista que como disse Whitney Bailliet se constitui num "dos últimos trovadores de night-clubs". O pianista extremamente elegante, refinado que acompanhado por um baterista (Richard Sheridan) e um baixista (Beverly Peer) emoldura o que o de melhor foi criado na música americana - acompanhando-se ao piano, do qual é um virtuose extraordinariamente criativo. Por ocasião de sua última temporada no "150", Robert Maksoud - o bem sucedido diretor daquele espaço - teve a feliz idéia de estimular a WEA a lançar um álbum triplo com uma seleção do que de melhor Bobby interpreta. Com vendas restritas no "150" durante vários meses, agora "The Bobby Short Collection" é colocado nas lojas - somando-se ao solitário elepe simples que a mesma WEA já havia editado, há 3 anos, quando da primeira temporada do pianista-cantor do Brasil. Trata-se um lançamento excepcional onde Bobby (Robert Waltrip Short, Danville, Illinois, 15/9/1926) mostra toda sua versatilidade, em momentos excelentes. No primeiro disco, gravado, ao vivo no próprio Café Carlyle, entre 7 e 8 de dezembro de 1933, Bobby mescla canções de Cole Porter ("All Of You"), a temas inesquecíveis como "As Times Goes By" (Herman Hupfield), passando por Stephen Sondheim ("Losing My Hind", "Send In The Clows"), Harold Arlen ("I've Got The World Ond A String") e relembrando o delicioso "On The Sunny Sid of the Street". Nos outros doi elepes estão faixas extraídas dos álbuns "Bobby Short Is K-R-A-ZY for Gershwion", "Bobby Short Loves Cole Porter" e "Bobby Short Celebrates Rodgers and Hart". Cada um destes álbuns duplos reúne o creme-do-creme da obra destes magníficos autores. Músicas que composta há 30 ou 40 anos, conservam todo o vigor e entusiasmo. As interpretações de Short tem a originalidade e (ao mesmo tempo) a ternura que faz com que se ouça, cada vez mais a cada elepe. "The Bobby Short Collectino" reunindo gravações de 1971 73 e 1975 - prensadas no ano passado no Brasil e somente agora colocadas ao alcance do público, se constitui, seguramente, num dos dez melhores lançamentos do ano. E tem mais: se não fosse o admirável artista que é Bobby Short tem um imenso crédito no mundo do jazz: foi ele que, há nove anos passados, convenceu a sua amiga Alberta Hunter (1895-1984) a voltar a cantar, após ter permanecido quase 30 anos afastada dos palcos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
11/11/1984

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