O melhor de Rodgers na voz romântica de Carly
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de abril de 1990
Se Adriana Calcanhoto é uma grata confirmação de um novo talento brasileiro, "My Romance" nos devolve uma das mais suaves cantoras dos anos 60 num álbum belíssimo, que se ouve com imenso prazer: Carly Simon.
Aos 46 anos, atingindo uma maturidade, após um afastamento do mundo musical e algumas experiências frustrantes - inclusive o tema "Nobody Does it Better" de um dos filmes de 007 - Carly faz aquilo que as cantoras(es) mais inteligentes optam para mostrarem que estão em boa forma: ao invés de procurar "material" inédito, rocks/pops e outras bobagens comerciais, reinterpretações do que de melhor existe na grande música americana.
Carly, com toda sua ternura e afinação, fez isto escolhendo um punhado de standards perfeitos de grandes autores - a começar com Richard Rodgers (1902-1979), de quem escolheu seis jóias: "My Romance", "My Funny Valentine", "He Was too Good to Me", "Little Girl Blue" e "Bewitched", parcerias com (Milton) Lorenz Hart (1895-1943), mais "Something Wonderful", parceria com Oscar Hammerstein II (1895-1960). Bastariam estas faixas para justificar que já se comprasse este belíssimo álbum (Arista/BMG/Ariola), mas ainda tem um meddley fundindo "By Myself" e "I See Your Face Before Me", de Howard Dietz e Arthur Schwartz; "When Your Love Has Gone" (Einar Aaron Swan); "In The Wee Small Hours of the Morning" (Bob Hilliard / David Mann) e "Time After Time" (Jule Stybe / Sammy Cahn), na mesma linhagem. Discretamente, embora também boa compositora, Carly ficou apenas numa faixa de sua autoria - "What Has She Got" (parceria com Michael Kosarom / Jacob Brackman) e completando o álbum pediu a Fred Weatherly colocar letra num tema de domínio público, "Danny Boy". Some-se a este repertório de primeira linha, orquestrações e regência perfeitas de Marty Paich, excelentes instrumentistas - como Michael Brecker fazendo solos em sax em "Bewitched" e "When Your Love...".
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