Lobo & Rodgers, dois eventos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de junho de 1977
Dois eventos musicais, distantes entre si, mas amplamente significativos: a chance de assistir um dos melhores compositores brasileiros ainda hoje e amanhã, no Paiol - Edu Lobo - e a efeméride que hoje transcorre: o 75º aniversário de Richard Rodgers, um dos mais importantes criadores do musical americano.
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Edu Lobo, 34 anos, uma dezena de elepês, mais de 150 compositores, intensa participação na MPB entre 1963/69, dois anos de estudos nos Estados Unidos, o retorno em 71 e, nestes últimos seis anos, um trabalho mais denso, altamente consciente, longe dos palcos. Trilhas sonoras para 14 "Casos Especiais" da Rede Globo, mais 3 filmes e apenas dois elepês: em 73, a "Missa", editada em lp pela Odeon, trabalho do maior vigor e onde Edu pode desenvolver tudo que aprendeu no período que passou em Los Angeles, estudando com menos como Lala Schiffrin. No ano passado, um retorno com muita força: um novo lp "Limite das Águas", Continental), o reencontro com o primeiro parceiro, Vinícius de Moraes, para as canções de "Deus Lhe Pague", suntuosa produção coordenada por Aloysio de Oliveira, inspirada em Joracy Camargo, e mais musicas para "O Santo Inquérito" de Dias Gomes. Ao mesmo tempo que retorna a Philips, por onde sairá seu novo lp, Edu volta a fazer apresentações públicas: no último fim-de-semana na Concha Verde, na Urca, RJ; agora, no Paiol, somando aos êxitos dos anos 60, novas composições. E cujo registro, mais detalhado, fica para a coluna de amanhã.
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Dentro da chamada "música da Broadway", há cinco nomes maiores: Jerome Kern George Gershwin, Cole Porter, Irving Berlin e Richard Rodgers. Os três primeiros já morreram. Berlim está com 89 anos e Richard Rodgers completa hoje 75 anos. Rodgers começou a compor em 1912 e, praticamente nunca mais parou. Na Universidade de Columbia, encontrou o seu primeiro letrista - Lorentz Milton Hart, com quem trabalharia até a sua morte, em 1943. Juntos criaram dezenas de clássicos como "Chicago", "Beewitched", "The Lady Is Tramp", "Manhattan", "Lover", "The Most Beautiful Girl In The World", lançados ao longo de muitos musicais, sempre estreados na Broadway, em Nova Iorque "A Lonely Romeo", "The Garrick Gaieties", "The Dearest Enemy", "Peggy Ann", "on You Toes", "Pal Joey") . A partir de 43, com a morte de Hart, Rodgers iniciou a parceria com Oscar Hammertein II, que seria pontilhada dos musicais mais notáveis que acabaram chegando em todo o mundo, através das versões cinematográficas: "Oklahoma" (43), Cariusel"(1945), "South Pacific" (1949), "O Rei e Eu" (51), Allegro" (53) e "Sound of Music"( A Noviça Rebelde), estreado em 16/11/59, último trabalho com Hammerstein, que viria a morrer em agosto de 1960. Isoladamente, Rodgers compos também obras jazzisticas e semi-sinfonicas, como "Slaughter On 10th Avenue", em dupla com Hart musicou muitos filmes em Hollywwod (31/35) e com Hammerstein, fez uma trilha sonora, "State Fair" (45 refilmados em 60, com Pat Boone e Shirley Jones). Após a morte de Hammerstein, Rodgers diminuiu sua produção, mas assim mesmo fez músicas para shows de televisão e uma série de documentários sobre a II Guerra Mundial.
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Amanhã, das 15 às 18 horas, na Rádio Ouro Verde, um especial em homenagem a Richard Rodgers e a música da Broadway.
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