O muito que Victor poderia fazer aqui
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de janeiro de 1980
Depois de passar 15 dias em Curitiba, onde fez grandes e bons amigos, retornou ao Rio, segunda-feira, o saxofonista Victor Assis Brasil. Simples, com a espontaneidade dos grandes talentos, Victor fez muito pela valorização de nossos instrumentistas, ao menos em uma dezena de anônimos (e mal pagos) profissionais da terra, plantou sementes de autoconfiança, mostrou que são capazes de desenvolverem suas potencialidades e, de uma forma profissional, virem a se destacarem seus trabalhos, se souberem estudar e trabalhar com afinco. Mediante uma pequena compensação mensal. Victor estaria disposto a vir regularmente a Curitiba desenvolvendo um trabalho de orientação, na linha do "workshop", capaz de apresentar ótimos resultados em pouco tempo. Se o cravista Roberto de Regina, recebe uma alta compensação da Fundação Cultural para orientar um grupo elitista (embora de méritos inegáveis) como é a Camerata Antigua, o mesmo se poderia estudar em relação a Assis Brasil, enquanto ele está no Brasil, com tempo livre. Afinal, um saxofonista de sua dimensão, com vários anos de estudos na Berkeley School, em Boston (não confundir com a Universidade da Califórnia), poderá, a qualquer hora, se radicar no Exterior. Sua disposição de dar uma contribuição regular aos nossos instrumentistas não deve ser desperdiçada e com um pouco de boa vontade - e principalmente agilidade de que de direito - muito se poderá fazer. De nada adianta sonhar em formar "bandas municipais" (sic), tentar implantar artificiais "cafés-concertos" em galerias subterrâneas, se não se der atenção ao que de mais importante há: o ser humano, o músico. E para isto, ninguém melhor do que Victor.
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