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O Paraná no livro de fotos de Ferrez editado nos EUA

Em dezembro último, visitando o Museu de Arte Moderna de Nova York, o advogado Luís Roberto Soares, ex-secretário da Cultura do Paraná, como faz habitualmente em suas viagens ao MoMa deteve-se em sua imensa livraria que oferece lançamentos na área artística de várias partes do mundo. Um volume encadernado, editado pela University of New Mexico Press, de Albuquerque, lhe chamou imediatamente atenção: "Photography in Brazil - 1840-1900" de Gilberto Ferrez. Não apenas pela beleza da edição - 243 páginas em papel couchê, centenas de ilustrações, mas pelo fato da capa trazer uma imagem dos Pinheirais característicos dos arredores de Curitiba do início do século. Gilberto Ferrez, neto de um dos pioneiros da fotografia no Brasil, Marc Ferez (Rio de Janeiro, 1843-1923), herdou não só o precioso acervo de seu avô mas a paixão pela fotografia, já tendo editado 15 livros preciosos com imagens históricas das milhares de fotografias que Ferrez fez em vários estados do Brasil. Os irmãos Marc Ferrez (Saint-Laurent, França, 1788-RJ-1850) e Zepherin Ferrez (Saint-Laurent, 1979-RJ, 1851) vieram para o Brasil em 1816, integrados à Missão Artística Francesa. Marc (senior) era escultor e foi professor na Academia e Escola Real das Artes e deixou inúmeros trabalhos. Seu irmão, Zepherin, gravador de medalhas e também escultor, que estudou na Escola de Belas Artes de Paris, também foi professor e cunhou, segundo uma relação elaborada por Jean-Baptiste Debret, as primeiras medalhas executadas no Brasil, deixando uma grande contribuição às nossas artes. Marc Ferrez, filho de Zepherin, ao invés da escultura preferiu a fotografia. Em 1867 estabeleceu-se no Rio de Janeiro por conta própria, com firma de fotografia que foi destruída por um incêndio em 1873. Viajou então para a França, retornando em 1875, convidado para participar da expedição científica organizada pela Comissão Geogrológica do Império do Brasil. O material executado foi levado também a Philadelphia (1876) e Paris (1875), conquistando no ano seguinte a medalha de ouro da Exposição Geral das Belas Artes da Academia Imperial do Rio de Janeiro. Dedicou toda a vida a fotografia e foi um dos pioneiros do cinema no Brasil, abrindo em 1907, em sociedade com Arnaldo Gomes de Souza, o cinema Pathe, que ficava na atual avenida Rio Branco. Teve muitos discípulos, inclusive a Princesa Isabel. Apesar de seu imenso acervo ter se espalhado - e parte mesmo sido extraviado - grande parte foi recuperada pelo seu neto, Gilberto, também fotógrafo, que vem, ciclicamente, publicando livros com suas imagens. "Photography in Brazil", que foi traduzido para o inglês por outra apaixonada por fotografia, Stella de Sá Rego, reúne material feito durante 60 anos (1840-1900), em vários estados percorridos. O Paraná - além da foto que ilustra a capa - mereceu 5 outras em 4 páginas: imagens de pinheiros, fotografados em 1879, duas cenas panorâmicas de Paranaguá (1890), um viaduto da Serra do mar (1879) e aspectos da construção da mesma ferrovia, que inclusive resultou no "Álbum Ferrez", em exemplar único, com mais de 20 fotos magníficas, num volume de capa de couro e prata, presenteado ao Imperador D. Pedro II - e hoje integrado a Coleção Theresa Cristina da Biblioteca Nacional. Foi aliás, o próprio Imperador quem solicitou a Ferrez que registrasse a viagem inaugural na Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá. Quando desenvolveu um extraordinário trabalho na área de editoração da Secretaria da Cultura, na administração de Luís Roberto Soares, a professora Cassiana Lacerda Carolo chegou a fazer o projeto para uma co-edição com a Livraria Kosmos (especializadas em obras-de-arte) deste álbum, já que Gilberto Ferrez dispõe das chapas de vidro originais e se dispõe autorizar seu reaproveitamento. Infelizmente com tantos (e necessários) projetos culturais, a idéia não teve condições de ser viabillizada naquela administração e com a decadência que vem se notando na Secretaria da Cultura, dificilmente alguém terá sensibilidade para retomá-lo. LEGENDA FOTO - Imagens feitas no final do século por Marc Ferrez da construção da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá e daquela cidade.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
19/02/1992
Sr. o histórico estaria impecável se não fosse um detalhe muito importante. A ferrovia tem sua pedar fundamental no municipio de Paranaguá, tão logo o correto é estrada de ferro - Paranaguá-Curitiba tanto é verdade que o imperador esteve em minha cidade para lançameto da pedra fundamental. Sem mais agradeço

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