O sempre forte apelo da paz
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de novembro de 1987
A guerra é um painel permanente ainda na cinematografia mundial. A visão nostálgica da guerra por olhos infantis - como faz o francês Louis Malle na primorosa "Au Revoir, Les Enfants" - que abriu a quarta edição do FestRio - ou da Londres bombardeada pelas bombas nazistas, no "amarcodeneano" Esperança e Glória, do inglês John Boorman - são provas de que, quase cinco décadas após o fim do conflito, o mesmo ainda pode ser revisitado com a emoção.
Nos filmes do FestRio, muitos tem a guerra como cenário. Seja nas visões sentimentais de Malle ou Boorman (ambos excelentes), ou na reconstituição perfeita de um dos mais densos episódios verídicos do nazismo - "A conferência de Wansee", um documento drama impressionante e sobre o qual já publicamos material especial.
A primeira guerra no fundo do filme polonês "O Arco de Eros", a guerra colonial portuguesa sobre o comportamento do neurótico personagem Abel de "Matar Saudades", ou a guerra do Oriente Médio em "Bouba", de Zeev Revah (também ator principal), que era, no quinto dia da competição, o filme de maior emoção - com seus personagens "Drop Out" e um certo toque até de a "Estrada da Vida".
A guerra - explicita ou implicitamente, direta ou indiretamente, é uma "personagem" viva em muitos filmes mostrados neste FestRio.
A guerra que mata, mutila e modifica as pessoas - e suas trágicas conseqüências, fica como um alerta para todos os homens do mundo - e não foi sem razão que a mais bela mensagem já chegou na noite de abertura, com o desenho animado "The Doomsday Clock" (O Relógio do Apocalipse), filme de animação produzido pela ONU, realizado por Susan Young e Jonathan Hodgson. Ah! Se todos os filmes tivessem esse sentido de paz entre os homens o nosso mundo seria bem melhor. (AM)
LEGENDA FOTO: "Esperança e Glória", de john Boorman, foi um dos filmes mais sentimentais do FestRio.
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