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Aramis

Observatório

No dia 3, segunda-feira, o cacique (Mário) Juruna, dividira a "Parceria" no Paiol, com o cineasta Zelito Viana, realizador do excelente "terra de Índios". A apresentação da professora Oksana Boruszenko é das mais felizes: afinal ela é especialista em história oral, e o cacique Juruna, Índio Xavante de Namacurá, é definido como "precursor da história oral no Brasil". Aliás, o texto de Oksana - única brasileira a obter nota máxima em doutoramento na Universidade Maximilian em Munique, e anualmente convidada a lecionar em universidades de vários países de vários países, merece ser transcrito. Antecipadamente. Xxx ... Esta gente é boa e de bela simplicidade, Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como os homens bons..." afirmava Pero Vaz de Caminha há 480 anos. Mas, estes homens bons, ocupavam as terras que foram julgadas necessárias e indispensáveis ao homem branco, tão empreendedor, cristão e de civilização ocidental... Caná e café precisavam ser plantados, ouro minerado, guaraná e borracha extraídos, pecuária e agroindústria desenvolvidas, Amazônia colonizada, o "milagre brasileiro" realizado e tudo isso acompanhado por leis e decretos. De cinco milhões, ficaram talvez 200 mil índios, que também ganharam uma lei, a 6.001, que lhes assegura a posse da terra, segundo seus usos e costumes. É uma lei excelente, mas, dificilmente cumprida. O Concílio Vaticano II declarou que "o homem é sujeito, autor e destinatário de seu desenvolvimento". Assim, o Índio é o protagonista de sua própria vida; ou se liberta, ou não haverá libertação para ele. O Índio começa partir para seus problemas por si mesmo e o Cacique Juruna está nesta luta. Mas, por que precisa continuar afirmando que "Índio não é político, não amola ninguém, não tá invadindo casa de ninguém"?. Por que precisa comprovar que "Índio tem mentalidade e sabe discutir"? . E sobretudo, por que necessita gravar em fita magnética as promessas que lhe fazem? Será para reconstituir as fontes orais da memória histórica? Será para comprovar a existência das promessas? Será para proteger seu povo dos inimigos?. Mas, quem são eles Cacique? As multinacionais, a orientação política, as doenças da civilização ocidental, ou os seus problemas dependem, em primeira e última análise, do problema econômico e do modelo econômico que organizou a vida desde que começou a história? Não é fácil a resposta, mas sua luta Cacique é mais do que justa e tem meu profundo respeito".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
10
24/10/1980

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