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Aramis

Os 80 anos do mestre Temístocles Linhares

Se não fosse a iniciativa da Livraria José Olympio Editora, em convênio com o Instituto Nacional do Livro, em reeditar "Paraná Vivo - Sua Vida, Sua Gente, Sua Cultura", os 80 anos do professor, crítico literário e historiador Temístocles Linhares teriam passado em brancas nuvens. Assim mesmo, o relançamento desta fundamental obra sobre o nosso Estado - 32 anos após a sua primeira públicação - acontece sem qualquer programação ligada ao aniversário do professor Temístocles que, como de seu feitio, comemorou seus 80 anos a 11 de fevereiro junto apenas a familiares. Normalmente, caberia a uma Secretaria da cultura - quando ela existe e é administrada por gente competente - ter uma agenda com as efémerides do ano. E, 80 anos de um intelectual da dimensão de Temístocles Linhares poderiam ter justificado uma série de programações. Afinal, de sua geração, o professor Linhares é um dos grandes críticos brasileiros, com mais de 20 obras editadas e reconhecimento internacional. xxx Áo saber que a José Olympio havia decidido reeditar "Paraná Vivo"- volume 78 da conceituadíssima Coleção Documentos Brasileiros (dirigida por Afonso Arinos de Melo Franco), Poty, que em 1953 o havia ilustrado, se propôs a refazer o trabalho gráfico. O resultado é que esta segunda edição (270 páginas) traz novos desenhos do mestre Poty, o mais conhecido artista paranaense, há 40 anos radicado no Rio de Janeiro e que em sua imensa e diversificada obra, tem feito inúmeras ilustrações e capas de livros (inclusive para os de Guimarães Rosa). Assim , já pelo cuidado com a José Olympio deu a este relançamento de "Paraná Vivo", obra fundamental para a compreensão de nosso Estado, o lançamento deveria merecer tratamento especial por parte dos órgãos culturais. Infelizmente, com exceção de uma tentativa isolada da jornalista Lucia Camargo, do escritório regional da Funarte, em programar alguma solenidade, até agora nada se fez. Ao lado de Wilson Martins - este há mais de 20 anos radicado em Nova Iorque - Temístocles Linhares é o maior nome da crítica literária no Paraná. Formado em Direito, desde a adolescência dedicou-se a literatura através de intensa leitura. Como é lembrado na nota biográfica de "Paraná Vivo", "ainda durante o curso de humanidades e mesmo depois de formado, Temístocles Linhares sofreu também a decisiva influência do ambiente cultura de Buenos Aires, cidade em que esteve muitas vezes e em cuja Faculdade de Letras, na época sob a direção de Ricardo Rojas, fez estudos especializados de literatura. O contato com o grande centro intelectual como é o caso de Buenos Aires, onde convivia com escritores, jornalistas, professores e estudantes, concorreu assim decisivamente para levar Temístocles Linhares a carreira de Letras, proporcionando-lhe inclusive conhecimento em profundidade da literatura hispano-americana, de que afinal viria a ser, mais tarde, professor catedrático na Universidade do Paraná". xxx O curriculum de Temístocles é imenso não pode ser reduzido a poucas linhas de uma coluna de jornal. Basta dizer que há 50 anos produz textos críticos - divulgados nos mais importantes jornais e revistas do Brasil. Professor da UFPR a partir de 1938, sua estréia em livro ocorreu em 1953, com "Introdução ao mundo do romance", logo estudo sobre o novelístico ocidental amplamente utilizado pelos estudantes dos cursos de letras lançado pela José Olympio há 32 anos. Ligado familiarmente a indústria do mate, convivendo inclusive em algumas atividades empresariais, é autor, inclusive, de uma "História Econômica do Mato" Temístocles nunca deixou de ser sobretudo o intelectual preocupado com a cultura e o seu estado. Entre viagens a Europa (em 1965, foi contratado para lecionar na Universidade de Coimbra, onde permaneceu dois anos), Temístocles foi produzindo uma obra marcante - "Eça de Queiroz, um caso de ressentimento"(1949), "A nacionalização das literaturas hispano-americanas"(1965), "A esperança do parlamentarismo"(1961), "O crítico do modernismo"(Flórida 1965), "Interrogações"(1962 a 1966, três séries), "Jornal da Europa" (1964), além de ensaios sobre Raul Pompéia, organização de antologias de contos de Machado de Assis e do moderno conto português. Suas últimas publicações foram os "Diálogos"(sobre a poesia e o romance brasileiro), lançados pela Melhoramentos, há quase 10 anos - e também esgotados. xxx A idade não retirou de Temístocles o vigor intelectual. Continua trabalhando em textos críticos e tem pronto, para publicação, um volume com estudos sobre a literatura hispano-americanos. Quando dirigia o Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná, Temístocles se empenhou para edição de "Novo Caminho no Brasil meridional: a província do Paraná", do inglês Esta obra, publicada no século passado, teve grande repercussão na Europa e foi de sua leitura, que o romancista Thomas Herdy, ao escrever "Tess de Uberville", decidiu fazer com que um dos personagens de sua estória emigrasse para o Brasil, especificamente para "os arredores de Curitiba", onde se desenvolveu a frustada tentativa de colonização inglesa do Assunguy . "Tess" Transformar-se-ia, em 1979, no mais famoso filme de Roman Polanski, relançado, aliás, há menos de um mês no Cine Astor.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
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14/12/1985
sou a filha menor de temistocles meu nome e pilar so quero comentar o orgulhosa que sempre estive do meu pai
sou filha do professor, queria algum comentario muito obrigada

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