Os cem anos de Plácido e Silva merecem intensas comemorações
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de janeiro de 1992
Entre as efemérides culturais do Paraná neste 1992 está uma que, até o momento, ninguém quase lembrou: o centenário de nascimento do jurista, professor, jornalista e editor Oscar Joseph de Plácido e Silva (Maceió, 18/6/1892 - Curitiba, 16/1/1963).
Com exceção de uma exposição de parte de sua notável pinacoteca, hoje propriedade de sua filha Juril De Plácido e Silva Carnasciali, realizada no hall da Reitoria da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, nada mais se fez até agora para reverenciar a memória deste grande paranaense de adoção - que aqui exerceu notáveis atividades por mais de 40 anos.
Motivos não faltam para que o centenário de Oscar De Plácido e Silva seja reverenciado. Por exemplo, pela Universidade Federal do Paraná - que o teve como primeiro aluno, inscrito no curso de direito. O jovem chegado há pouco de Maceió, apresentou-se como aluno e antes mesmo de cursar o primeiro ano já era o secretário-auxiliar da Universidade que nascia e, na qual mais tarde, seria professor. Advogado, por anos teve seu escritório num pequeno edifício da rua XV de Novembro, ao lado da então sede da "Gazeta do Povo", fundada em 1919 e da qual seria posteriormente diretor e proprietário. Um aspecto que, por si, deve estimular estudos de maior profundidade é a sua atividade como editor, não apenas no jornalismo diário, mas fundando uma editora que marcaria época em termos nacionais - a Guaíra, nome que também daria a uma revista mensal de atualidades, que corresponderia no Paraná ao que eram a Revista do Globo, em Porto Alegre e Alterosa, em Belo Horizonte. Grandes nomes do jornalismo e vida literária brasileira deixaram seus textos na Guaíra. Vinícus de Moraes ali chegou a publicar críticas de cinema, Joel Silveira, Ruben Braga, Mark Berkowitz e tantos outros intelectuais notáveis, enquanto Carlos Scliar criava belíssimas ilustrações e seu irmão, Salomão, era o fotógrafo da revista, numa época em que José Curi, então se firmando como editor, assumia sua direção.
A Editora Guaíra, teria uma presença nacional, lançando autores de idéias avançadas para a época - como Romulo Galegos - que chegou a presidente da Venezuela ("Dona Barbara"), John dos Passos (com sua trilogia sobre os EUA: "Dinheiro Graúdo", "1919" e "Paralelo 42"), Jorge Icaza ("Huanzipungo"), e a notável coleção "Caderno Brasileiro", orientada por Luís Martins e Sérgio Milliet. Autor de um romance ("Ódios na Cidade") e muitos livros jurídicos, atuante em várias frentes, de Plácido e Silva merece imediatamente, que se comece a se lembrar sua obra, para que uma grande mostra retrospectiva em junho próximo, quando de seu centenário de nascimento.
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