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Aramis

Os problemas e os fantasmas de "Maré Alta"

O coronel Rubens Mendes de Moraes, decano da Polícia Militar do Estado do Paraná, ex-chefe de gabinete da SSP, radioamador e cineasta apaixonado, tem estórias interessantíssimas com relação à produção do filme "Maré Alta" (Coruja Nacional, 01:00 de hoje, Canal 4), da qual foi o principal financiador, um dos atores e, por complicações que acontecem em nosso cinema, acabou também improvisando-se em diretor. Tudo começou quando o sr. Carlos Eugenio Cotrin, 60 anos, ator da Cinédia na década de 30, e em 1967 um [tranqüilo] representante de explosivos em Curitiba, mostrou-lhe um roteiro que há muito sonhava em filmar (uma estória de tesouros enterrados numa ilha, piratas e fantasmas). O coronel Rubens, que 3 anos antes havia auxiliado a produção do calamitoso "O Diabo de Vila Velha (1964, de Ody Frega, José Mojica Marins e Nelson Teixeira Mendes, rodado no Paraná), no qual apareceu também em algumas sequências, se entusiasmou e decidiu produzir a fita - já que ao lado de José Vedovato, ator, cenógrafo e mil e uma outras atividades cinematográficas, e do desenhista Castro Alves (hoje no Departamento de Publicidade de Hermes Macedo S/A), havia organizado uma pequena produtora de desenhos animados e filmes publicitários. xxx Levantados os recursos para o início da produção, a equipe se deslocou para a Ilha das Cobras, no Litoral paranaense, onde seria rodada a maioria das [seqüências]. Mas começaram então as complicações: chuvas, tempo fechado ou garôa diariamente, retardando as tomadas e fazendo com que se elevasse o custo de produção - no oelenco a morena Maracy Mello, Egydio Eccio, Roque Rodrigues, Oswaldo de Souza e a curitibana Lala Schneider - entre outros nomes conhecidos. Julio Kruger, da Guaira, havia também se associado à produção, mas começaram a surgir desentendimentos, que foram crescendo até que Cotrim se afastou das funções de diretor. xxx Entre as múltiplas peripécias que marcaram a realização de "Maré Alta" - que só viria a ser lançada em Curitiba, no cine Rívoli, em fins de 1968 - está uma que entra no campo do sobrenatural: por várias noites, a equipe técnica que ocupava um dos pavilhões da Ilha das Cobras, viu coisas que nem a parapsicologia explica - e que fez inclusive alguns integrantes menos corajosos abandonarem em plena madrugada, o local, jurando que nunca mais colocariam os pés naquela ilha.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
25/10/1974

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