Para entender Claudia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de maio de 1976
A nova temporada da conatora Claudia Barroso no Paraná, percorrendo um circuito de clubes de bairro, coincide com uma decisão da artista: sem abandonar o público que a consagrou nestes últimos anos, tentar, em breve nova etapa musical, com a montagem de um sohw para teatro - a exemplo do que inicia, com sucesso, a julgar pelo espetáculo que realizou no Guaíra, há uma semana, o cantor Nélson Gonçalves.
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Sem falsos preconceitos e preocupações elitistas, é necessário procurar entender intérpretes de grande popularidade como Gonçalves, Claudia Barroso e tantos outros. Geralmente vindos de camadas humildes, sem oportunidades de receberem, na juventude, melhor formação intelectual dão mostras de força de vontade, encontrando um caminho artístico que, naturalmente atinge uma imensa faixa de consumidores - identificados pelas próprias condições intelectuais e sociais (no início de suas carreiras) com estes artistas, que nunca negam suas origens populares. Estabelecem, assim, uma vigorosa ponte de comunicação que ao invés de ser torpedeada pelos falsos elitistas, com granadas preconceituosas, devem ser vistos como veículos, capazes de permitirem que o público simples qu se recusou até hoje a absorver uma música de melhor qualidade, possa aceitar o trabalho de outra qualidade. Nelson Gonçalves, campeão absoluto em vendagem de discos (30 milhões de exemplares em 37 anos), desde 1970 já vem procurando melhorar o seu repertório e, sem desprezar o público qu esempre lhe permaneceu fiel (inclusive nos anos em que esteve afastado, devido a probelmas de tóxicos), também elevar o nível de suas canções que interpreta - aproveitando a nunca negada beleza de sua voz.
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Claudia Barroso, que iniciou como crooner de canções sofisticadas na boite "Mid Night" do Copacabana Palace na década de 50 (o que está registrado em seu primeiro lp, "Música Suave e envolvente", onde canta com Copia (o maestro Copinha) e seu conjunto, lp Todamérica, 1958), identificou-se depois com os "bolerões", dramáticos - levando as últimas consequências a chamada "canção-dor-de-cotovelo", mas tendo como resposta, vendagem de discos e contratos que lhe permitem hoje ter um outono de vida seguro. Por isso, para ela, chegou a hora de uma válida (e louvável) tentativa de, aproveitando a sua voz segura, tentar também uma nova etapa. Mulher inteligente e simpática - embora, em termos de televisão, tenha criado a imagem de agressiva - tem consciência disso e neste fim de semana curitivano, mais uma vez trocou idéias a respeito com Armando Heynz, o ativo representante regional de sua gravadora, Continental.
Agora, é esperar que da idéia a realidade, algo se concretize...
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