A partir do dia 1º, nos ônibus, ouça a FM-Clube
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de outubro de 1981
A partir de 1o de novembro, uma opção nova a quem gosta de ouvir rádio: uma FM está transmitindo, exclusivamente, música e informações de utilidade pública, sem nenhum intervalo comercial. A Clube-FM, pertencente [à] Rádio Clube do Paraná, inicia uma nova fase de transmissões, operando numa faixa que se destinará prioritariamente a ser ouvida em todos os ônibus municipais, em mais uma experiência inédita.
Na quinta-feira à tarde, o sr. João Augusto Sobrinho, vice-presidente e diretor do Departamento de Rádio da Fundação Nossa Senhora do Rocio, instituição mantenedora da Rádio Clube Paranaense - e ligada a Cúria Metropolitana, assinou com os diretores da Fundação Cultural de Curitiba, um contrato de geração e transmissão de uma programação especial, destinada a fornecer exclusivamente música e utilidade pública basicamente a mais de 600 mil pessoas que diariamente viajam nos 800 ônibus de Curitiba. Dentro das noras rígidas do Dentel, a transmissão chegando a um público tão grande - e cativo, não poderá incluir publicidade, limitando-se [à] música e [à] informação do que se convenciona de "utilidade pública".
A idéia de colocar música e notícia na frota de ônibus é antiga. Desde a primeira gestão, quando o prefeito Jaime Lerner começou a inovar nas soluções do transporte de massa, que o projeto vem germinando - partindo inclusive de uma sugestão do advogado (e ex-jornalista) Constantino Baptista Viaro, hoje diretor administrativo da Fundação Cultural.
A idéia demorou para se concretizada, várias fórmulas foram pensadas - inclusive da concessão de uma FM especial ao município - até que se chegou a uma solução econômica e prática: mediante uma pequena subvenção mensal, a Clube Paranaense - fundada em 1929, e a mais antiga emissora do Paraná, transforma a sua FM, que vinha atuando de forma discreta, numa geradora de música e utilidade pública, que sem deixar de ser captada em qualquer receptador FM, terá audiência cativa nos aparelhos a serem instalados na frota de ônibus.
Experimentalmente a partir do dia 1o de novembro, a programação da Clube-FM obedecerá a rígidos critérios de qualidade, determinados pela diretoria da Fundação Cultural, já que pelas próprias características (e volume) do público atingido, das mais diferentes faixas etárias, sociais e intelectuais, exigirá uma montagem de programação musical com critérios técnicos (e mesmo psicológicos, em termos sonoros) diferentes do que fazem as emissoras FM, normalmente no esquema toca-disco, de sucesso-anúncio comercial-hora certa.
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A idéia de que a partir de novembro, os passageiros de ônibus terão música e informação, durante seus percursos diários, deverá ter repercussão nacional. A instalação dos aparelhos receptores nos ônibus será em etapas, assim como a programação será ajustada, sempre exigindo uma direta e segura orientação técnica, para evitar distorções.
A FM-Clube foi a vencedora de concorrência pública, aberta a todas FMs de Curitiba, que se interessassem no ajustamento a este esquema. Duas outras emissoras - Universo (do pioneiro Nagib Chede) e "Metropolitana" (de Erwon Bonkoski, do grupo Colombo-Cultura) apresentaram propostas mais elevadas e assim foi a da Fundação N. S. do Rocio a vencedora.
A FM - Clube tem direção de Ubiratam Lustosa, publicitário, compositor e veterano radialista, ligado [à] chamada 'PRB-2' há mais de 30 anos, profissionalmente um dos mais experimentados homens do setor.
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A propósito de FM, a Universo está operando numa faixa de música classe A, com uma seleção de muito bom gosto. Economicamente, é praticamente tocada por um único profissional, o veterano Azor Silva, que faz toda a programação e locução. Já a FM Metropolitana, de Erwin Bonkoski, vem tentando chegar a uma faixa jovem - no passado exclusiva da Rádio Iguaçu e a qual a futura FM-Cidade pretende também conquistar.
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