Pela boca, Glauco que pegar o seu eleitorado
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de agosto de 1988
Charles de Gula, editor da gastronomia deste ALMANAQUE, poderia promover um ranking entre os candidatos a Câmara que estão usando o estômago para fisgar os eleitores, não só oferecendo generosos encontros com lideranças comunitárias - e naturalmente movidos a bons pratos, mas como também, em alguns casos, exibindo seus méritos de mestre-cuca.
Nenhum, entretanto, tem mais condições neste marketing gastronômico-eleitoral do que o sorridente Glauco Souza Lobo, 49 anos, que deseja trocar a Secretaria de Turismo por uma cadeira na Câmara - após ter disputado a indicação a vice-prefeito - vaga que acabou ficando para o seu amigo José Maria Corrêa.
Umbandista dos mais convictos, animador cultural que se identifica a festa desde a infância - e dirigente por anos de escolas-de-samba, passando depois a organizar o Carnaval de rua, Glauco sempre teve a cozinha como paixão. Tanto é que pelo menos três tentativas de explorar empresarialmente o seu taleno no preparo de pratos típicos constam de seu curriculum - abrindo desde um botequim dos maios populares até um sofisticado restaurante baiano no Juvevê.
Por que não, então, deixar de inovar na distribuição dos chamados santinhos, com uma proposta original? Ao lado de um breve curriculum de 21 linhas, Glauco está dando receitas de pratos destinados a diferentes "colônias": bolinhos de bacalhau (portugueses), Zapraska (ucraniana), Kartofflsuppe (alemã), suikiaki (japonesa), risotto ala milanese (italiana), pierogi (polonesa), quibe (árabe), bobó de camarão (afro).
Em cada santinho gastronômico, Glauco aparece com charges que o identificam às comunidades que busca atingir e o slogan "vista esta camisa".
O ex-diretor executivo da Fundação Cultural de Curitiba - e que estruturou e dinamizou a Secretaria Municiapl de Turismo, consolidando grandes festas populares na Rua Marechal Deodoro e outros locais da cidade, só espera que os pratos tenham boa digestão eleitoral. E não haja intoxicação de votos com distúrbios intestinais em 15 de novembro.
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