Pixinguinha, mais uma vez com incompetência
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de agosto de 1985
Faltavam, ainda, 20 minutos para às 20 horas de sexta-feira, 9, quando um senhor gordo e grisalho entrou no corredor dos camarins do Auditório Munhos da Rocha Neto e se pôs a gritar:
- Vamos saindo do palco! Quero o palco livre para montar os cenários de "meu" espetáculo!
A apresentação de Luis Melodia ainda ia pela metade e a estúpida atitude provocou revolta dos outros artistas que ali se encontravam. A diretora do espetáculo, Gilda Horta, já havia cortado 15 minutos do roteiro para encerrar mais cedo a segunda e última apresentação do show e não aceitou a brutal intervenção. Afinal, se "Oh! Calcuta!" havia feito uma reserva para apresentar-se no Guaíra, o Projeto Pixinguinha, patrocinado pela Funarte- Petrobrás e oficialmente em colaboração com a Secretaria da cultura e Esportes (sic), também merecia atenção.
Resultado: o público viu menos de 80% do espetáculo musical, perdendo,assim, muito do que o roteiro de gilda Horta havia planejado para essa segunda amostragem de MPB dentro do projeto.
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Menos de 500 espectadores, em 2 dias, número muito baixo para um espetáculo com ingressos a Cr$ 6 mil, teoricamente destiando a atingir milhares de pessoas. O descalabro continua, em relação ao Projeto Pixinguinha, que se vem realizando em Curitiba com péssima estrutura, a tal ponto que possivelmente poderá desanimar a Funarte a mantê-lo - ou aos menos continuar a incluir Curitiba no roteiro. Se o Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto tem melhores condições técnicas que a Reitoria, nem por isso o espetáculo da semana passada saiu melhor do que o inicial, nos dias 1º e 2 de agosto, como aqui denunciamos. Devido ao acavalamento com produções que já haviam sido programadas, o Pixinguinha tem que se iniciar às 18 horas e não pode durar mais de 90 minutos. O resultado é lamentável.
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Quem foi assistir ao Pixinguinha, além de ouvir o gaucho-curitibano Hilton Barcelos, na abertura, e o já conhecido Luis Melodia e a afinada Rosa Maria (infelizmente com um fraco repertório), pode conhecer a grande revelação vocal do ano: a baiana Andréa Daltro, que começando por cantar a capella o belíssimo "Violão Vadio" (João D'Aquino/Paulo Cesar Pinheiro), emocionou com "Doce Presença" (Ivan Lins/Vitor Martins) e, numa experiência incrível acompanhada pelos músicos, mostrou dois temas exclusivamente instrumentais de autores de Salvador: "Sei Não, Cara! (Sérgio Souto) e "Flutuando" (Aderbal Duarte).
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